1. (Unesp 2021) O tema do mal, em Hannah Arendt, não tem como pano de fundo a malignidade, a perversão ou o pecado humano. A novidade da sua reflexão reside justamente em evidenciar que os seres humanos podem realizar ações inimagináveis, do ponto de vista da destruição e da morte, sem qualquer motivação maligna. O pano de fundo do exame da questão, em Arendt, é o processo de naturalização da sociedade ocorrido na contemporaneidade. O mal é abordado, desse modo, na perspectiva ético-política e não na visão moral ou religiosa. O mal banal caracteriza-se pela ausência do pensamento. Essa ausência provoca a privação de responsabilidade. O praticante do mal banal não se interroga sobre o sentido da sua ação ou dos acontecimentos ao seu redor.

(Odílio Alves Aguiar. “Violência e banalidade do mal”. www.revistacult.uol.com.br, 14.03.2010. Adaptado.)

Depreende-se do texto que a banalidade do mal na contemporaneidade resulta, segundo Hannah Arendt,

a) da carência de formação religiosa.   

b) da irreflexão institucionalizada.   

c) da ausência de pacto regulador.   

d) da voracidade dos interesses econômicos.   

e) da perversidade humana.   

2. (Famerp 2018) No livro Investigação sobre a natureza e a causa da riqueza das nações, publicado em 1776, Adam Smith argumentou que um agente econômico, procurando o lucro, movido pelo seu próprio interesse, acaba favorecendo a sociedade como um todo. Esse ponto de vista é um dos fundamentos

a) do liberalismo, que dispensou a regulamentação da economia pelo Estado.   

b) do utilitarismo, que defendeu a produção especializada de objetos de consumo.   

c) do corporativismo, que propôs a organização da sociedade em grupos econômicos.   

d) do socialismo, que expôs a contradição entre produção e apropriação de riqueza.   

e) do mercantilismo, que elaborou princípios de protecionismo econômico.   

3. (Unioeste 2017) Baseando-se nos textos e no comentário apresentados a seguir:

“Hitler considerava que a propaganda sempre deveria ser popular, dirigida às massas, desenvolvida de modo a levar em conta um nível de compreensão dos mais baixos. 'As grandes massas', dizia ele, 'têm uma capacidade de recepção muito limitada, uma inteligência modesta, uma memória fraca'. Por isso mesmo, a propaganda deveria restringir-se a pouquíssimos pontos, repetidos incessantemente […]. Tudo interessa no jogo da propaganda: mentiras, calúnias; para mentir, que seja grande a mentira, pois assim sendo, 'nem passará pela cabeça das pessoas ser possível arquitetar uma tão profunda falsificação da verdade.”

LENHARO, Alcir. Nazismo: “o triunfo da vontade”. 6ª. ed., São Paulo: Ática, 1998, p. 47-48.

“Eu vivo em tempos sombrios.

Uma linguagem sem malícia é sinal de estupidez,

Uma testa sem rugas é sinal de indiferença.

Aquele que ainda ri é porque ainda não recebeu a terrível notícia.

Que tempos são esses,

Quando falar sobre flores é quase um crime,

Pois significa silenciar sobre tanta injustiça? [...]”.

Trecho de “Aos que virão depois de nós”, de Bertolt Brecht, 193?.

Uma das características marcantes do nazismo – que colocou em cheque tanto a liberdade, a democracia e a dignidade humana, quanto os movimentos socialistas e comunistas – foi a disseminação de uma ideologia de extrema direita, de tradição xenófoba, nacionalista e antissemita, por uso sistemático e ostensivo dos modernos meios de informação e comunicação com o objetivo expresso de silenciar, controlar e conduzir as “massas” - daí a importância de Brecht dizer “Eu vivo em tempos sombrios”. Exemplos, aliás, desta prática – dadas às devidas proporções e aos contextos distintos – ainda persistem em nossos dias.

Assinale a alternativa INCORRETA.

a) É possível afirmar que, em ambos os textos, encontra-se presente a referência histórica às práticas de violência e dominação, levadas a cabo pelo governo alemão através de Adolf Hitler, também conhecido como “Führer”.   

b) O conteúdo da poesia de Bertolt Brecht nada tem a ver com o processo histórico de ascensão ao poder de Adolf Hitler e do regime nazista em 1933, haja vista o motivo de sua escrita ser uma crítica veemente ao comunismo de Stálin na então União Soviética.   

c) Uma das razões principais para que Hitler defendesse o uso “repetitivo” dos modernos meios de comunicação da época – especialmente, as rádios – estava na capacidade que eles tinham de conquistar as “massas” a qualquer custo, inclusive ao custo da liberdade de expressão.   

d) Existe uma identificação entre o que denuncia a poesia de Brecht e a passagem analítica do texto de Lenharo, ao citar trechos de Mein Kümpf, de Hitler, na medida em que o silenciamento repressivo que anula o direito ao livre pensar crítico corresponderia ao bombardeio massivo de valores, símbolos e ideias caras ao nazismo, como a propaganda dirigida às massas.   

e) A presença em nossa contemporaneidade de movimentos e grupos de extrema direita, que defendem a ausência de conhecimento crítico, a excessiva limitação da liberdade de pensamento e expressão e o preconceito contra questões de gênero, sexualidade e etnia guardam relativa ligação com a ideologia nazista.   

4. (Unioeste 2021) O poder é um elemento intrínseco às sociedades humanas desde os primórdios do surgimento da estratificação social. O modo de exercício do poder pode variar de sociedade para sociedade, sobretudo, em função da maior ou menor complexidade de sua organização social, mas a fonte ou origem do poder parece ser sempre a mesma:

“Numa comunidade humana, sempre há líderes, chefes e governantes para sugerir metas e objetivos, moldar condutas e impor modos de pensar. Vivendo em grupos mais ou menos extensos, homens e mulheres relacionam-se uns com os outros a partir de algum desnível: alguns podem mais do que outros, são mais bem sucedidos do que outros, conseguem mais seguidores ou sofrem menos pressões do que outros”.

NOGUEIRA, Marco Aurélio. Potência, limites e seduções do poder. São Paulo; Unesp, 2008. p. 17.

Considerando o texto anteriormente citado, qual seria esta fonte constante do poder? Assinale a alternativa CORRETA.

a) O poder origina-se da desigualdade presente nas relações sociais entre os indivíduos.   

b) O poder origina-se da diversidade de crenças partilhadas pelos indivíduos.   

c) O poder origina-se da igualdade de condições presente nas relações sociais.   

d) O poder origina-se da homogeneidade cultural presente nas sociedades modernas.   

e) O poder origina-se da secularização das relações sociais nas sociedades modernas.   

5. (Uerj 2020) INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ENTRA NO JOGO DA POLÍTICA

O uso de tecnologias para influenciar o debate político não é novidade. Na eleição presidencial brasileira de 2014, 10% das interações no Twitter foram feitas por máquinas. Desde então, os cientistas encontraram evidências da influência de robôs em todos os grandes debates. Uma pesquisa da USP, com participantes de um protesto em São Paulo contra o governo Dilma, em 2015, mostrou que 64% acreditavam que o PT queria implantar um regime comunista, 71% que o filho de Lula é um dos sócios da Friboi e  que o PCC é um braço armado do PT. Já em manifestação contra o impeachment, no ano seguinte,  afirmavam que os protestos contra a corrupção foram articulados pelos E.U.A. e  diziam que o juiz Sergio Moro é filiado ao PSDB. Nenhum dos pontos mencionados nas enquetes é fato.

FELIPE FLORESTI. Adaptado de revistagalileu.globo.com, 27/02/2018.

A influência da inteligência artificial no debate político tornou-se eficaz após a ocorrência do seguinte processo social: 

a) ampliação da inclusão digital    

b) enfraquecimento da ação legal    

c) eliminação da regulação estatal    

d) crescimento da competição empresarial   

6. (Ufsc 2019) O antigo combate ao comunismo parece ter se convertido, na última década, em luta contra a esquerda latino-americana, algumas vezes identificada como chavezcastrismo em uma referência que une Cuba e Venezuela como contraexemplos a serem evitados. Se João Paulo II chegou ao papado no contexto de luta contra o comunismo na Europa, a renúncia de Bento XVI e a eleição de Francisco sugerem que a Igreja Católica considera que o eixo de enfrentamento mudou para a América Latina. Seu inimigo atual seria a “ideologia de gênero” e, ainda que a grande maioria dos governos de esquerda latino-americanos, mesmo aqueles chefiados por mulheres, não tenham aprovado o aborto ou logrado eliminar a desigualdade entre homens e mulheres, foi durante seu exercício –mesmo se não em decorrência deles –que o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo foi legalizado.

MISKOLCI, Richard; CAMPANA, Maximiliano. “Ideologia de gênero”: notas para a genealogia de um pânico moral contemporâneo. Revista Sociedade e Estado, v. 32, n. 3, p. 725-747, set./dez. 2017.

Considerando o trecho acima, é correto afirmar que:

a) no mundo contemporâneo, o ataque ao comunismo permanece como principal bandeira de luta dos grupos de direita, considerando que esse é um perigo real no atual contexto.   

b) os direitos sexuais e reprodutivos estão plenamente garantidos nos países latino americanos, de tal modo que ocorreu um esvaziamento das pautas políticas dos movimentos LGBTQ+, feministas etc.   

c) a eleição de mulheres para o mais alto cargo do executivo em países latino americanos realizou se sem grandes controvérsias, uma vez que a igualdade de gênero é garantida pelas constituições desses países, assegurando uma real igualdade entre homens e mulheres também no campo político.   

d) o debate sobre “ideologia de gênero” se tornou uma pauta relevante nas discussões públicas no Brasil, sendo reforçada por movimentos como o “Escola sem partido”, que passam a reivindicar a exclusão dessa suposta ideologia no espaço escolar.   

e) os governos de esquerda na América Latina ao longo dos primeiros anos do século XXI promoveram profundas mudanças políticas no campo dos direitos reprodutivos e sexuais, superando as desigualdades entre homens e mulheres nas relações de trabalho, por exemplo.   

7. (Unicamp 2019) Como regime social, o fascismo social pode coexistir com a democracia política liberal. Em vez de sacrificar a democracia às exigências do capitalismo global, trivializa a democracia até o ponto de não ser necessário sacrificá-la para promover o capitalismo. Trata-se, pois, de um fascismo pluralista e, por isso, de uma forma de fascismo que nunca existiu. Podemos estar entrando num período em que as sociedades são politicamente democráticas e socialmente fascistas.

(Adaptado de Boaventura de Sousa Santos, Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010, p. 47.)

De acordo com o texto e os conhecimentos sobre o assunto, a coexistência entre fascismo e democracia é 

a) facilitada por processos eleitorais que dão continuidade a fascismos que sempre existiram.    

b) promovida pela aceitação social que banaliza a democracia em favor do capitalismo global.    

c) dificultada por processos eleitorais que renovam a democracia, inviabilizando os fascismos.    

d) possibilitada pela aceitação social de sociedades politicamente fascistas e socialmente democráticas.    

8. (Unesp 2018) A obsessão do Estado por controlar todos os comportamentos dos cidadãos tem como resultado um enfraquecimento da responsabilidade moral e cívica dos mesmos. A lei deveria ser o último recurso, depois da educação, da ética, da negociação e do compromisso entre os indivíduos. É agora o primeiro recurso. Imagino potenciais crimes que os filhos dos nossos filhos terão receio de cometer:

 

- Crime de imposição de gênero: os pais deverão abster-se de identificar o gênero dos filhos tomando como referência o sexo biológico dos mesmos.

- Crime de apropriação cultural: serão severamente punidos os cidadãos que, alegando interesse cultural ou razões artísticas, se apropriem de práticas e temáticas de um grupo étnico a que não pertencem.

- Crime de envelhecimento público: com os avanços da medicina, será intolerável que um cidadão recuse tratamentos/cirurgias para ocultar/reverter o seu processo de envelhecimento, exibindo em público as marcas da decadência física ou neurológica.

- Crime de interesse sentimental não solicitado: será punido qualquer adulto que manifeste interesse sentimental não solicitado por outro adulto — através de sorriso, elogio, convite para jantar etc. O interesse sentimental de um adulto por outro será mediado por um advogado que apresentará ao advogado da parte desejada as intenções do seu cliente.

(João Pereira Coutinho. “Cinco potenciais crimes que gerações futuras terão receio de cometer”. www1.folha.com.br, 21.11.2017. Adaptado.) 

O perfil antiutópico sugerido pelo autor para o mundo futuro reúne tendências de

a) depreciação da autonomia individual em favor do fortalecimento de diversas formas totalitárias de controle.   

b) favorecimento da espontaneidade pessoal em diversos campos do pensamento e do comportamento.   

c) desvalorização do pensamento politicamente correto na esfera da cultura e do comportamento. 

d) desvalorização da esfera jurídica para a definição de critérios de normalidade comportamental. 

e) disseminação de tendências de comportamento fortemente baseadas na autonomia individual.   

9. (Enem 2018) A tribo não possui um rei, mas um chefe que não é chefe de Estado. O que significa isso? Simplesmente que o chefe não dispõe de nenhuma autoridade, de nenhum poder de coerção, de nenhum meio de dar uma ordem. O chefe não é um comandante, as pessoas da tribo não têm nenhum dever de obediência. O espaço da chefia não é o lugar do poder. Essencialmente encarregado de eliminar conflitos que podem surgir entre indivíduos, famílias e linhagens, o chefe só dispõe, para restabelecer a ordem e a concórdia, do prestígio que lhe reconhece a sociedade. Mas evidentemente prestígio não significa poder, e os meios que o chefe detém para realizar sua tarefa de pacificador limitam-se ao uso exclusivo da palavra.

CLASTRES. P. A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves. 1982 (adaptado).

O modelo político das sociedades discutidas no texto contrasta com o do Estado liberal burguês porque se baseia em:

a) Imposição ideológica e normas hierárquicas.   

b) Determinação divina e soberania monárquica.   

c) Intervenção consensual e autonomia comunitária.    

d) Mediação jurídica e regras contratualistas.    

e) Gestão coletiva e obrigações tributárias.   

10. (Usf 2018) “Estamos alarmados pela proliferação e a saliência que ganharam os grupos que promovem o racismo e ódio. Atos e discursos desse tipo devem ser condenados sem panos quentes, e os crimes de ódio, investigados e seus autores, punidos [...].”

Disponível em:<http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2017-08/especialistas-da-onu-advertem-que-racismo-aumenta-nos-estados-unidos>. Acesso em: 20/09/2017 (Adaptado).

O trecho anterior aparece como destaque quando especialistas da ONU tratam do aumento do racismo e da xenofobia nos Estados Unidos. Com base no assunto tratado, é coerente a ação do Poder Público no sentido de

a) adotar medidas efetivas para conter a violência e aprimorar as leis trabalhistas, de modo que as manifestações sejam extintas.    

b) adotar medidas para conter, de forma urgente e eficiente, as manifestações que provocam a violência racial e comprometem a coesão social.    

c) impor leis que promovam a punição e o retorno dos alicerces da solidariedade das sociedades antigas.    

d) estabelecer um sistema autoritário de governo como forma de controlar as insurgências sociais.    

e) estabelecer maior vínculo entre os partidos para tentar minimizar o aumento do racismo e da xenofobia.   

11. (Ueg 2013) Compare as imagens.



O Palácio de Versalhes foi construído para abrigar a família real e a corte francesa no século XVIII, próximo a Paris. A Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes situam-se em Brasília, a capital do Brasil, inaugurada em 1960. A partir de uma comparação entre as duas imagens, verifica-se que a simetria e a monumentalidade são propriedades com a finalidade de afirmar

a) a força das respectivas estruturas de poder, divergentes na França e no Brasil.

b) a importância da democracia, tanto na França como no Brasil.

c) a qualidade de vida da população, semelhante no Brasil e na França.

d) o desprezo pelo povo, equivalente no Brasil e na França.


12. (Uel 2005) Analise a figura a seguir.


O populismo foi um movimento político bastante frequente na América Latina, especialmente durante o século XX. Embora, recorrentemente, anuncie-se o desaparecimento do populismo, certas características que marcaram suas práticas ainda estão presentes na organização política brasileira, inclusive na política municipal.

Assinale a alternativa que apresenta algumas características definidoras do populismo.

a) Presença da mobilização de uma ‘massa’, ou seja, de setores das classes populares, com restrita organização autônoma de classe, e de um tipo carismático de ligação entre líderes e adeptos.

b) Revezamento na presidência da República, de representantes das frações de classes ligadas ao mundo rural com representantes das frações ligadas à indústria, graças à prática contínua e explícita de fraudes eleitorais.

c) Controle das eleições através do voto de cabresto e da obediência pessoal do trabalhador-eleitor ao patrão-político.

d) Comparecimento, à frente do governo, de um líder messiânico que representa os interesses de classe dos setores miseráveis da população em clara oposição aos interesses das classes trabalhadoras organizadas em sindicatos.

e) Gestão administrativa marcadamente impessoal, baseada na racionalidade burocrática e na liderança de grandes partidos políticos.







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