1.
(Ueg 2022) Desde a antiguidade filósofos realizam elucubrações
sobre a arte. Platão, por exemplo, a via como uma forma de conhecimento que
imitava imperfeitamente as coisas sensíveis. No século XVIII, o filósofo alemão
Alexander Gottlieb Baumgarten (1714-1762) elabora uma nova concepção de arte, deixando
contribuições que influenciaram sobremaneira o conjunto de estudos filosóficos posteriores
que passaram a tomar a arte como objeto de investigação. A nova concepção de
Baumgarten sobre arte emerge ao utilizar o termo:
a)
“Campo Artístico”, que desde então passa a se referir ao estudo
filosófico da arte.
b) “Teologia”, que a partir desse momento coloca Deus como ponto de união entre arte e filosofia.
c) “Pintura”, pois a concebia como uma imitação da realidade mediada pelo pensamento filosófico.
d)
“Ideologia”, pois considerava a filosofia e a arte como uma falsa
consciência sistematizada.
e) “Estética”, que se referia ao estudo das obras de arte enquanto criações da sensibilidade.
2. (Uece 2022) “Para
Hegel, a arte apresenta a realidade e a liberdade do espírito na forma
sensível. Ela apresenta imediatamente, na forma sensível, toda a gama de
relações humanas, com seus sentimentos, ações, paixões, conflitos, estados etc.
Diferentemente, a filosofia apreende toda essa mesma realidade e liberdade das
relações humanas no pensamento, a partir do pensamento, no conceito.”
SILVA FILHO, A. V. Poesia e prosa: Arte e filosofia na Estética de Hegel. Campinas, SP: Pontes, 2008. - Adaptado.
Com base na citação acima, compreende-se a metáfora
hegeliana da “morte da arte” no sentido de que
a)
a arte, por ser sensível, deve perecer como tudo o que é sensível
perece.
b)
a apresentação sensível do real na arte é superada pela apresentação
conceitual.
c)
a arte é falsa: por ser sensível, não consegue apresentar a verdade do
real.
d) o real apresentado sensivelmente pela arte é diferente do real conceitualizado.
3.
(Unesp 2022) À primeira vista, porém, a arte do cinema aparenta
ser demasiado simples e até mesmo estúpida. Vê-se o Rei dando um aperto de mão
a um time de futebol; eis o iate de Sir
Thomas Lipton; eis, enfim, Jack Horner vencendo o Grand National. Os olhos consomem tudo isso instantaneamente e o
cérebro, agradavelmente excitado, põe-se a observar as coisas acontecerem sem
se atarefar com nada. Mas qual é, pois, a sua surpresa ao ser, de repente,
despertado em meio à sua agradável sonolência e chamado a prestar socorro? O olho
está em apuros. Necessita de ajuda. Diz, então, ao cérebro: “Está ocorrendo
algo que de modo algum posso entender. Tu me és necessário”. Juntos olham para
o Rei, o barco, o cavalo e o cérebro; de imediato, vê que eles se revestiram de
uma qualidade que não pertence à mera fotografia da vida mesma.
(Virginia Woolf. “O cinema”. Rapsódia, 2006. Adaptado.)
Com
o surgimento da disciplina estética, no século XVIII, entendeu-se que a arte é
capaz de produzir ajuizamentos. O texto aborda o tema por meio da constatação
da autora de que
a)
se estabeleceu maior relevância aos temas representados pelas artes.
b)
se reconheceu a importância da sensibilidade no processo do
conhecimento.
c)
ocorreu um intenso diálogo entre os artistas, tais como cineastas e
literários.
d)
houve a evolução das linguagens artísticas em relação às suas técnicas.
e)
se proliferaram novas manifestações artísticas com posturas críticas.
4.
(Uece 2021) “A
seus dois deuses da arte, Apolo e Dioniso, vincula-se a nossa cognição de que
no mundo helênico existe uma enorme contraposição, quanto a origens e
objetivos, entre a arte do figurador plástico, a apolínea, e a arte
não-figurada da música, a de Dioniso: ambos os impulsos caminham lado a lado
(...) incitando-se mutuamente a produções sempre novas, para perpetuar nelas a
luta daquela contraposição sobre a qual a palavra comum ‘arte’ lançava apenas a
ponta; até que, por fim, através de um miraculoso ato metafísico da ‘vontade’
helênica, apareceram emparelhados um com o outro, e nesse emparelhamento tanto
a obra de arte dionisíaca quanto a apolínea geraram a arte trágica.”
Nietzsche, F. W. O nascimento da tragédia, §1. Trad. bras. J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
A
citação acima se refere à tese nietzscheana sobre a origem da arte trágica.
Considerando essa citação, e o que se conhece a respeito do tema, assinale a
afirmação FALSA.
a)
Há uma correlação entre arte e pessimismo que explica a força e a
capacidade de superação dos gregos.
b)
Da medida apolínea e da desmedida dionisíaca revela-se a conversão, na
cultura grega, do sofrimento em arte.
c)
O otimismo teórico de base racional está na base do fortalecimento e do
desenvolvimento da arte trágica.
d) Para Nietzsche, a vontade helênica é a capacidade dos gregos de fundir o apolíneo e o dionisíaco na arte trágica.
5.
(Uea 2021) Na contemplação do belo o conhecer puro ganhou a
preponderância sem luta: a beleza do objeto facilita o conhecimento de
sua Ideia. O sentimento do sublime nasce exatamente do fato de um objeto
que tem relações desfavoráveis, hostis, com a vontade tornar-se objeto de
contemplação.
(Arthur Schopenhauer. Metafísica do belo, 2003. Adaptado.)
As
contemplações do belo e do sublime são semelhantes e, em um aspecto,
diferentes. O belo distingue-se do sublime por
a)
ajustar-se de imediato às dimensões humanas da observação.
b)
modificar as percepções habituais dos objetos artísticos.
c)
desvelar o mundo por meio da intensificação sensorial.
d)
transgredir a sensação de oposição entre o homem e a natureza.
e) satisfazer aos anseios de felicidade dos observadores.
6.
(Unicamp 2021) Leia o trecho do poema da poetisa grega Safo acerca
da beleza de uma jovem chamada Anactória.
infantaria;
outros dizem ser uma frota de naus, na terra negra,
a coisa mais bela: mas eu digo ser aquilo
que se ama.
A
partir da leitura do poema, assinale a alternativa correta sobre o conceito de
beleza na Grécia Antiga.
a)
Safo reconhece a beleza como conceito universal e destaca a sua
independência em relação ao amor.
b)
Safo exemplifica o conceito de belo e o define como inerente às
conquistas militares e territoriais.
c)
Safo constata a diversidade dos gostos humanos e evidencia o valor do
amor para o conceito de beleza.
d) Safo exemplifica os gostos humanos a partir do conceito de amor e o define como inerente às conquistas militares.
7. (Unesp 2020) Texto 1
Com
a falta de evidência do conceito de arte, e com a evidência de sua
historicidade, ficam em questão não só a criação artística produzida no presente
e a herança cultural clássica ou moderna, mas também a relação problemática
entre a arte e as várias modalidades de produção de imagens e de ofertas de
entretenimento que surgiram a partir do século XX.
(Pedro Süssekind. Teoria do fim da arte, 2017. Adaptado.)
Texto 2
A
discussão sobre o grafite como arte ou como vandalismo reflete o modo como cada
gestão pública entende essas intervenções urbanas. Até 2011, o grafite em
edifícios públicos era considerado crime ambiental e vandalismo em São Paulo. A
partir daquele ano, somente a pichação continuou sendo crime. De um modo geral,
a pichação é considerada uma intervenção agressiva e que degrada a paisagem da
cidade. O grafite, por sua vez, é considerado arte urbana.
(Lais Modelli. “De crime a arte: a história do grafite nas ruas de São
Paulo”. www.bbc.com, 28.01.2017. Adaptado.)
No
contexto filosófico sobre o conceito de arte, os dois textos concordam em
relação à
a)
necessidade de engajamento político no processo autoral.
b)
ausência de critério consensual na legitimação artística.
c)
carência de investimento privado na formação artística.
d)
atuação de legislação pública no cenário criativo.
e) exigência de embasamento tradicional na produção cultural.
8.
(Ufpr 2019) A estética corresponde ao ramo da filosofia que se
ocupa das manifestações artísticas, buscando apontar, por exemplo, os
diferentes critérios e modos como em diferentes momentos ou culturas se percebe
e classifica algo como belo, sublime ou agradável. Trata-se, assim, de uma
forma de conhecimento que não nega a razão, ao certo, mas que coloca em relevo
a forma como ela se relaciona com a imaginação e com a sensibilidade.
A partir do exposto acima, é
correto afirmar:
a)
Juntamente com a razão, a imaginação e a sensibilidade são fatores
indispensáveis para a nossa apreensão do mundo e das coisas.
b)
A estética é o campo da filosofia que se ocupa da relação entre o pensamento
e a religião.
c)
Na estética, a razão predomina sobre a sensibilidade e a imaginação.
d)
O sublime e o agradável devem ser apreendidos de forma objetiva pelo
raciocínio lógico.
e) Na estética não há lugar para a razão, visto que ela se baseia na sensibilidade e na imaginação.
9.
(Unesp 2017) Quando estou dentro do cinema, tudo me parece
perfeito, como se eu estivesse dentro de uma máquina de sensações programadas.
Mergulho em suspense, em medo, em vinganças sem-fim, tudo narrado como uma
ventania, como uma tempestade de planos curtos, tudo tocado por orquestras
sinfônicas plagiando Beethoven ou Ravel para cenas românticas, Stravinski para
violências e guerras. Não há um só minuto sem música, tudo feito para não
desgrudarmos os olhos da tela. A eficiência técnica me faz percorrer milhares
de anos-luz de emoções e aventuras aterrorizantes, que nos exaurem como se
fôssemos personagens, que nos fazem em pedaços espalhados pela sala, junto com
os copos de Coca-Cola e sacos de pipocas. Somos pipocas nesses filmes.
Esse
texto pode ser corretamente considerado
a)
uma crítica de natureza estética aos apelos técnicos e sensacionalistas
no cinema.
b)
uma análise elogiosa do alto grau de perfeição técnica das imagens do
cinema.
c)
um ponto de vista valorizador da presença da música erudita no cinema
atual.
d)
um elogio ao cinema como mercadoria de entretenimento da indústria
cultural.
e) uma crítica ao caráter culturalmente elitista das obras cinematográficas atuais.
10.
(Unesp 2016) A utilização de fantasia pelo sistema de crença que
reafirma o capitalismo ocorre a partir do consenso popular que é realizado por
meio da conquista, pelos assalariados, de bens simbólicos, de expectativas e de
interesses. Assim sendo, o sistema de crença no consumo não opera sobre
programas concretos e imediatos, mas sim a partir de imagens criadas pela
publicidade e pela propaganda, que são fomentadas exclusivamente pela base
econômica da sociedade; daí a permanente busca de realização econômica como
sinônimo de todas as outras realizações ou satisfações. Por isso é que nos roteiros
de cenas a comunicação sempre espelha a positividade. Não há dor, nem
crueldade, nem conflito, nem injustiça, nem infelicidade, nem miséria. A
seleção e associação de signos são trabalhadas para nem de longe sugerir
dúvidas no sistema de crença no consumo. O jovem rebelde é bonito, forte,
penteado e vestido com grife divulgada; o belo casal transpira boas
expectativas de vida no calor do forno de micro-ondas ou na certeza de um
seguro de vida ou mediante uma assistência médica eficiente; uma supercriança
lambe nos super dedos a margarina de uma família feliz.
De
acordo com o texto, no universo publicitário, a estética exerce sobretudo o
papel de
a)
denunciar as condições opressivas de vida existentes no capitalismo.
b)
criticar os mecanismos de sedução exercidos pela indústria cultural.
c)
veicular imagens de caráter ideológico manipuladoras do desejo.
d)
efetivar processos formadores do senso crítico sobre a realidade.
e) questionar os estereótipos hegemônicos na sociedade de classes.
11. (Uel 2015) Leia os textos a seguir.
A arte de imitar está bem longe da
verdade, e se executa tudo, ao que parece, é pelo facto de atingir apenas uma
pequena porção de cada coisa, que não passa de uma aparição.
Adaptado de: PLATÃO. A República. 7.ed.
Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993.
p.457.
O imitar é congênito no homem e os
homens se comprazem no imitado.
Adaptado de: ARISTÓTELES. Poética. 4.ed. Trad. De Eudoro de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1991. p.203. Coleção “Os Pensadores”.
Com base nos textos, nos conhecimentos
sobre estética e a questão da mímesis em Platão e Aristóteles, assinale a
alternativa correta.
a) Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas
fenomênicas, um exemplo particular e, por isso, algo inadequado e inferior,
tanto em relação aos objetos representados quanto às ideias universais que os
pressupõem.
b) Para Platão, as obras produzidas pelos poetas,
pintores e escultores representam perfeitamente a verdade e a essência do plano
inteligível, sendo a atividade do artista um fazer nobre, imprescindível para o
engrandecimento da pólis e da filosofia.
c) Na compreensão de Aristóteles, a arte se
restringe à reprodução de objetos existentes, o que veda o poder do artista de
invenção do real e impossibilita a função caricatural que a arte poderia
assumir ao apresentar os modelos de maneira distorcida.
d) Aristóteles concebe a mímesis artística como uma
atividade que reproduz passivamente a aparência das coisas, o que impede ao
artista a possibilidade de recriação das coisas segundo uma nova
dimensão.
e) Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é imitação e entende que a música, o teatro e a poesia são incapazes de provocar um efeito benéfico e purificador no espectador.
12. (Unesp 2015) A fonte do conceito de
autonomia da arte é o pensamento estético de Kant. Praticamente tudo o que
fazemos na vida é o oposto da apreciação estética, pois praticamente tudo o que
fazemos serve para alguma coisa, ainda que apenas para satisfazer um desejo.
Enquanto objeto de apreciação estética, uma coisa não obedece a essa razão
instrumental: enquanto tal, ela não serve para nada, ela vale por si. As
hierarquias que entram em jogo nas coisas que obedecem à razão instrumental,
isto é, nas coisas de que nos servimos, não entram em jogo nas obras de arte
tomadas enquanto tais. Sendo assim, a luta contra a autonomia da arte tem por
fim submeter também a arte à razão instrumental, isto é, tem por fim recusar
também à arte a dimensão em virtude da qual, sem servir para nada, ela vale por
si. Trata-se, em suma, da luta pelo empobrecimento do mundo.
(Antônio Cícero. “A autonomia da arte”. Folha de São Paulo, 13.12.2008. Adaptado.)
De acordo com a análise do autor,
a) a racionalidade instrumental, sob o ponto de
vista da filosofia de Kant, fornece os fundamentos para a apreciação
estética.
b) um mundo empobrecido seria aquele em que ocorre
o esvaziamento do campo estético de suas qualidades intrínsecas.
c) a transformação da arte em espetáculo da
indústria cultural é um critério adequado para a avaliação de sua condição
autônoma.
d) o critério mais adequado para a apreciação
estética consiste em sua validação pelo gosto médio do público
consumidor.
e) a autonomia dos diversos tipos de obra de arte está prioritariamente subordinada à sua valorização como produto no mercado.
13. (Uel 2014) Observe a figura a seguir e responda à(s).
A figura mostra Atenas na atualidade.
Observam-se as ruínas da Acrópolis – onde ficavam os templos como o Parthenon
–, o Teatro de Dionísio e a Asthy – com a Ágora (Mercado/Praça Pública) e as
casas dos moradores.
Leia o texto a seguir.
Para Aristóteles, a boa convivência
entre os habitantes da cidade ideal não seria nunca obtida com a mera apathia
(ausência de paixões) platônica, mas somente através de uma boa medida entre
razão e afetividade. Enfim, a arte não apenas é capaz de nos trazer saber, ela
tem também uma função edificante e pedagógica.
(FEITOSA, C. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004, p.123.)
Com base na figura, no texto, nos
conhecimentos sobre Aristóteles e na ideia de que os espaços do Teatro, da Ágora,
dos Templos na cidade de Atenas foram imprescindíveis para a vocação formativa
da arte na Grécia Clássica, considere as afirmativas a seguir.
I. A catarse propiciada pelas obras teatrais
trágicas apresentadas na cidade grega operava uma transformação das emoções e
tornava possível que os cidadãos se purificassem e saíssem mais elevados dos
espetáculos.
II. A obra poética educava e instruía o cidadão da
cidade grega, e isso acontecia por consequência da satisfação que este sentia
ao imitar os atos dos grandes heróis que eram encenados no teatro.
III. O poeta demonstrava o universal como possível
ao criar modelos de situações exemplares, que permitem fortalecer o sentimento
de comunidade.
IV. O belo nas diversas artes, como nos poemas épicos, na tragédia e na comédia, desvinculava--se dos laços morais e sociais existentes na polis, projetando-se em um mundo idealizado.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
14. (Ufsj 2013) “A Filosofia a golpes
de martelo” é o subtítulo que Nietzsche dá à sua obra Crepúsculo dos ídolos.
Tais golpes são dirigidos, em particular, ao(s)
a) conceitos filosóficos e valores morais, pois
eles são os instrumentos eficientes para a compreensão e o norteamento da
humanidade.
b) existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante
a sexualidade, ao materialismo, à abordagem psicológica de artistas e
pensadores, bem como ao antigermanismo.
c) compositores do século XIX, como, por exemplo,
Wolfgang Amadeus Mozart, compositor de uma ópera de nome “Crepúsculo dos
deuses”, parodiada no título.
d) conceitos de razão e moralidade preponderantes nas doutrinas filosóficas dos vários pensadores que o antecederam e seus compatriotas e/ou contemporâneos Kant, Hegel e Schopenhauer.
15. (Uel 2008) Na República, Platão faz a seguinte consideração sobre os poetas:
[...] devemos começar por vigiar os
autores de fábulas, e selecionar as que forem boas, e proscrever as más.
[...] Das que agora se contam, a
maioria deve rejeitar-se. [...] As que nos contaram Hesíodo e Homero – esses
dois e os restantes poetas. Efectivamente, são esses que fizeram para os homens
essas fábulas falsas que contaram e continuam a contar.
Por seu turno, na Poética, Aristóteles diz o seguinte a respeito dos poetas:
[...] quando no poeta se repreende uma
falta contra a verdade, há talvez que responder como Sófocles: que representava
ele os homens tais como devem ser, e Eurípides, tais como são. E depois caberia
ainda responder: os poetas representam a opinião comum, como nas histórias que
contam acerca dos deuses: essas histórias talvez não sejam verdadeiras, nem
melhores; [...] no entanto, assim as contam os homens.
(ARISTÓTELES. Poética. Tradução de Eudoro de Souza. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 468. Os Pensadores IV.)
Com base nos textos acima e nos
conhecimentos sobre o pensamento estético de Platão e de Aristóteles, assinale
a alternativa correta.
a) Para Platão e Aristóteles, apesar da importância
de poetas como Homero, na educação tradicional grega, as fábulas que compuseram
são perigosas para a formação da juventude.
b) Platão critica os poetas por dizerem o falso e
apresentarem deuses e heróis de maneira desonrosa, enquanto Aristóteles os
elogia por falarem o verdadeiro.
c) Platão e Aristóteles concordam com o fato de o
poeta falar o falso, só que para Platão suas fábulas são indignas para a
juventude, enquanto que, para Aristóteles, a poesia por ser mímesis não precisa
dizer a verdade.
d) O problema para Platão é que Homero e os outros
poetas falam sobre o mundo sensível e não sobre a verdade; já Aristóteles
acredita que eles devem ser repreendidos por isso.
e) Falar o falso para Platão é problemático porque o falso pode passar pelo verdadeiro; para Aristóteles, o poeta apresenta a verdadeira realidade.
16. (Uel 2007) “Sócrates: Tomemos
como princípio que todos os poetas, a começar por Homero, são simples
imitadores das aparências da virtude e dos outros assuntos de que tratam, mas
que não atingem a verdade. São semelhantes nisso ao pintor de que falávamos há
instantes, que desenhará uma aparência de sapateiro, sem nada entender de
sapataria, para pessoas que, não percebendo mais do que ele, julgam as coisas
segundo a aparência?”
Glauco – “Sim”.
Fonte: PLATÃO. A República. Tradução de
Enrico Corvisieri. São Paulo: Nova Cultural, 1997. p.328.
Com base no texto acima e nos
conhecimentos sobre a mímesis em Platão, assinale a alternativa correta.
a) Platão critica a pintura e a poesia porque ambas
são apenas imitações diretas da realidade.
b) Para Platão, os poetas e pintores têm um
conhecimento válido dos objetos que representam.
c) Tanto os poetas quanto os pintores estão,
segundo a teoria de Platão, afastados dois graus da verdade.
d) Platão critica os poetas e pintores porque
estes, à medida que conhecem apenas as aparências, não têm nenhum conhecimento
válido do que imitam ou representam.
e) A poesia e a pintura são criticadas por Platão porque são cópias imperfeitas do mundo das ideias.
17. (Uel 2007) “Em suma, o que
é a aura? É uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a
aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja. Observar,
em repouso, numa tarde de verão, uma cadeia de montanhas no horizonte, ou um
galho, que projeta sua sombra sobre nós, significa respirar a aura dessas
montanhas, desse galho. Graças a essa definição, é fácil identificar os fatores
sociais específicos que condicionam o declínio atual da aura. Ele deriva de
duas circunstâncias, estreitamente ligadas à crescente difusão e intensidade
dos movimentos de massas. Fazer as coisas ‘ficarem mais próximas’ é uma
preocupação tão apaixonada das massas modernas como sua tendência a superar o
caráter único de todos os fatos através da sua reprodutibilidade”.
Fonte: BENJAMIN, W. “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”. In: Magia e Técnica, Arte e Política. Obras Escolhidas. Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985, p. 170.
Com base no texto e nos conhecimentos
sobre Benjamin, assinale a alternativa correta:
a) Ao passar do campo religioso ao estético, a obra
de arte perdeu sua aura.
b) Ao se tornarem autônomas, as obras de arte
perderam sua qualidade aurática.
c) O declínio da aura decorre do desejo de diminuir
a distância e a transcendência dos objetos artísticos.
d) O valor de culto de uma obra de arte suscita a
reprodutibilidade técnica.
e) O declínio da aura não tem relação com as transformações contemporâneas.
18. (Ufma 2007) “A solução da
antinomia do gosto encontra aqui sua explicação e seu significado.
Contrariamente ao que afirma o racionalismo clássico, o juízo de gosto não se
fundamenta em conceitos (regras) determinados: portanto, torna-se impossível
‘disputar’ acerca dele como se tratasse de um juízo de conhecimento científico.
No entanto, ele não se limita a remeter à pura subjetividade empírica do
sentimento, porque se baseia na presença de um objeto, que se é belo (...),
desperta uma ideia necessária da razão que é, enquanto tal, comum à humanidade.
Portanto, é em referência a essa ideia determinada (..) que é possível
‘discutir’ o gosto e ampliar a esfera da subjetividade pura para visar uma
partilha não dogmática da experiência estética com outrem enquanto outro
homem”
(LUC FERRY: Homo aestheticus: a invenção do gosto na era democrática).
A partir da leitura do texto acima, é
correto afirmar que:
a) o dito “questão de gosto não se discute” tem sentido,
uma vez que o gosto não é objeto científico.
b) os juízos de gosto concorrem para a constituição
da cultura e da socialidade.
c) se pode e se deve discutir e formular juízos de
gosto, embora sirvam apenas como exercícios teóricos.
d) o discutir sobre o gosto é condição suficiente
para o entendimento entre as subjetividades.
e) o autor aponta um outro critério científico, além dos métodos científicos conhecidos.
19. (Uema 2006) A concepção de arte tem
mudado ao longo dos séculos. A arte como imitação da natureza e a arte como
expressão e construção são, respectivamente, concepções dos seguintes
períodos:
b) antigo e medieval.
c) medieval e moderno.
d) antigo e moderno.
e) moderno e contemporâneo.
20. (Uel 2006) Analise as imagens a
seguir.
As imagens I e II representam duas formas artísticas de um fenômeno que provocou mudanças significativas na arte, sobretudo a partir do século XX: a reprodutibilidade técnica.
Com base nas imagens e nos
conhecimentos sobre a reprodutibilidade técnica em Walter Benjamin, é correto
afirmar:
a) A reprodução das obras de arte começa no final
do século XIX com o surgimento da fotografia e do cinema, pois até então as
obras não eram copiadas, por motivos religiosos e místicos.
b) Na passagem do período burguês para a sociedade
de massas, o declínio da aura que ocorre na arte pode ser creditado a fatores
sociais, como o desejo de ter as coisas mais próximas e superar aquilo que é
único.
c) A perda da aura retira da arte o seu papel
crítico no interior da sociedade de consumo, isto ocorre porque a
reprodutibilidade técnica destrói a possibilidade de exposição das obras.
d) Desde o período medieval, o valor de exposição
das obras de arte é fator preponderante, visto que o desempenho de sua função
religiosa exigia que a arte aparecesse de forma bem visível aos espectadores
que a cultuavam.
e) O cinema desempenha um importante papel político de conscientização dos espectadores, uma vez que seu caráter expositivo tornou-se cultual ao recuperar a dimensão aurática.
21. (Ufma 2006) Nos últimos anos,
observa-se a presença considerável de questões ligadas à arte nas escolas
formais e informais. Isto se dá, segundo alguns teóricos que se ocupam do
discurso estético, porque a arte é uma forma de compreender e transformar a
realidade. Aponte qual alternativa reflete essa visão.
a) A arte conduz o espírito humano a uma forma de
vida completamente destituída de interesses materiais e sociais.
b) Muitos artistas contribuíram para grandes
transformações sociais, provocando a supervalorização econômica das obras de
arte.
c) O discurso estético tem a capacidade de atrair
as pessoas, porque lida fundamentalmente com a perspectiva de harmonia e
beleza.
d) Conhecendo a arte de cada época, as sociedades
presentes têm melhores condições de decidir quanto à tendência estética
atual.
e) Há uma função pedagógica da arte que é traduzida pela ideia de que ela leva a conhecer o que escapa ao discurso da ciência e de outras linguagens discursivas.
22. (Uel 2005) “[...] não é ofício
do poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia
acontecer, quer dizer: o que é possível segundo a verossimilhança e a
necessidade. Com efeito, não diferem o historiador e o poeta por escreverem
verso ou prosa [...] diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e
outro as que poderiam suceder. Por isso a poesia é algo de mais filosófico e
mais sério do que a história, pois refere aquela principalmente o universal, e
esta o particular”.
(ARISTÓTELES. Poética. Trad. de Eudoro de Souza. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 209.)
Com base no texto e nos conhecimentos
sobre a estética em Aristóteles, é correto afirmar:
a) A poesia é uma cópia imperfeita, realizada no
mundo sensível, sob a inspiração das musas e distante da verdade.
b) Os poetas, de acordo com a sua índole,
representam pessoas de caráter elevado, como ocorre na tragédia, ou homens
inferiores, como na comédia.
c) A poesia deve ser fiel aos acontecimentos
históricos e considerar os fatos em sua particularidade.
d) A poesia deve a sua origem à história e a
compreensão daquela supõe o entendimento da própria natureza do ser
humano.
e) A imitação, que ocorre na tragédia, representa uma ação completa e de caráter elevado, de uma forma narrativa e não dramática.
23. (Ufma 2005) “A rua era das mais
animadas da cidade; por todo o dia estivera cheia de gente. Mas agora, ao
anoitecer, a multidão crescia de um minuto para outro; e quando se acenderam os
lampiões de gás, duas densas, compactas correntes de transeuntes cruzavam
diante do café. Jamais me sentira num estado de ânimo como o daquela tarde; e
saboreei a nova emoção que de mim se apossara ante o oceano daquelas cabeças em
movimento. Pouco a pouco perdi de vista o que acontecia no ambiente em que me
encontrava e abandonei-me completamente à contemplação da cena externa.”
(Walter Benjamin – Sobre alguns temas em Baudelaire)
O texto nos leva a uma compreensão de
estética como:
a) uma concepção de que o belo não está em uma forma
definida, mas na plasticidade do cotidiano.
b) um estudo do caos humano representado pela
multidão e suas relações econômicas.
c) estabelecimento de um padrão de beleza para a
obra de arte.
d) técnica de reprodução da obra de arte em
massa.
e) imitação do mundo sensível.
24. (Unb 2011) Temos que repudiar a
ideia de que só com palavras se pensa, pois que pensamos também com sons e
imagens, ainda que de forma subliminar, inconsciente, profunda! Temos que
repudiar a ideia de que existe uma só estética, soberana, à qual estamos
submetidos — tal atitude seria nossa rendição ao pensamento único, à ditadura
da palavra — e que, como sabemos, é ambígua. O pensamento sensível, que produz
arte e cultura, é essencial para a libertação dos oprimidos, amplia e aprofunda
sua capacidade de conhecer. Só com cidadãos que, por todos os meios simbólicos
(palavras) e sensíveis (som e imagem), se tornam conscientes da realidade em
que vivem e das formas possíveis de transformá-la, só assim surgirá, um dia,
uma real democracia.
Augusto Boal. A estética do oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009, p. 16.
Augusto Boal, um dos expoentes do
Teatro de Arena de São Paulo, atuou como diretor, dramaturgo e pesquisador, e
notabilizou-se com a criação do Teatro do Oprimido, um método dinâmico que visa
à democratização dos meios de produção teatrais. Considerando essas informações
e o texto acima, assinale a opção correta.
a) O Teatro de Arena desenvolveu-se em um momento
de estabilidade política, tendo sua atuação centrada na realização de comédias
leves.
b) Bastante rígido, o método elaborado por Augusto
Boal caracteriza-se por priorizar a execução de exercícios de preparação
corporal e vocal de atores profissionais.
c) Como dramaturgo, Augusto Boal ganhou notoriedade
internacional com a peça Eles não usam Blacktie.
d) A estética do oprimido prevê a atuação direta dos cidadãos — todos potencialmente atores (espect-atores) — no sentido de encontrarem, coletivamente, alternativas para a transformação de uma realidade opressora.
25. (Uel 2013) O modo de
comportamento perceptivo, através do qual se prepara o esquecer e o rápido
recordar da música de massas, é a desconcentração. Se os produtos normalizados
e irremediavelmente semelhantes entre si, exceto certas particularidades
surpreendentes, não permitem uma audição concentrada, sem se tornarem
insuportáveis para os ouvintes, estes, por sua vez, já não são absolutamente
capazes de uma audição concentrada. Não conseguem manter a tensão de uma
concentração atenta, e por isso se entregam resignadamente àquilo que acontece
e flui acima deles, e com o qual fazem amizade somente porque já o ouvem sem
atenção excessiva.
(ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. In: Adorno et all. Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p.190. Coleção Os Pensadores.)
As redes sociais têm divulgado músicas
de fácil memorização e com forte apelo à cultura de massa.
A respeito do tema da regressão da audição na
Indústria Cultural e da relação entre arte e sociedade em Adorno, assinale a
alternativa correta.
a) A impossibilidade de uma audição concentrada e
de uma concentração atenta relaciona-se ao fato de que a música tornou-se um
produto de consumo, encobrindo seu poder crítico.
b) A música representa um domínio particular, quase
autônomo, das produções sociais, pois se baseia no livre jogo da imaginação, o
que impossibilita estabelecer um vínculo entre arte e sociedade.
c) A música de massa caracteriza-se pela capacidade
de manifestar criticamente conteúdos racionais expressos no modo típico do
comportamento perceptivo inato às massas.
d) A tensão resultante da concentração requerida
para a apreciação da música é uma exigência extramusical, pois nossa
sensibilidade é naturalmente mais próxima da desconcentração.
e) Audição concentrada significa a capacidade de
apreender e de repetir os elementos que constituem a música, sendo a facilidade
da repetição o que concede poder crítico à música.
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