Os fatos sociais – objetos nas mãos

Mas Durkheim acreditava que os acontecimentos sociais – como os crimes, os suicídios, a família, a escola, as leis – poderiam ser observados como coisas (objetos), pois assim, seria mais fácil de estudá-los. Então o que ele fez ? Propôs algumas das regras que identificam que tipo de fenômeno poderia ser estudado pela Sociologia. A esses fenômenos que poderiam ser estudados por uma ciência da sociedade ele denominou de fatos sociais.

E as características dos fatos sociais são:

Coletivo ou geral – significa que o fenômeno é comum a todos os membros de um grupo;

Exterior ao indivíduo – ele acontece independente da vontade individual;

Coercitivo – os indivíduos são “obrigados” a seguir o comportamento estabelecido pelo grupo.


Então podemos dizer que o casamento é um fato coletivo ou geral, pois existe pela vontade da maioria de um grupo ou de uma sociedade.


Outra coisa. Não é verdade que os mais velhos ficam nos “incentivando” a casar? “Não vá ficar pra titia, heim!”, “Onde já se viu! Todo mundo, um dia, tem que se casar!”. Com certeza você já ouviu alguém dizendo isso.

Pois é. Esses dizeres nos levam a crer que o casamento também é coercitivo, pois nos vemos “obrigados” a fazer as mesmas coisas que fazem os demais membros do grupo ou da sociedade a que pertencemos.

Todo fato que reúna essas três características (generalização, exterioridade e coerção) é denominado social, segundo Durkheim, e pode ser estudado pela Sociologia. Quanto ao casamento, poderíamos estudar e descobrir, por exemplo, quais fatores influem na decisão das pessoas em se casarem e se divorciarem para depois se casarem novamente.

Perceba, então: Não apenas com o casamento...

Essas regras são da mesma maneira aplicadas ao trabalho, à escola, à moda, aos costumes do nosso povo, à língua, etc.

Veja que interessante...

Para Durkheim, a sociedade só pode ser entendida pela própria sociedade. As ações das pessoas não acontecem por acaso. A sociedade as influencia. Você concorda com isso? Veja o exemplo na página seguinte e tire suas conclusões.

O Suicídio = Fato Social

O que leva uma pessoa a se suicidar? Loucura?

Durkheim utilizou sua teoria para explicar, por exemplo, o suicídio. O que aparentemente seria um ato individual, para ele, estava ligado com aquilo que ocorria na sociedade.

Esse pensador compreende a sociedade como um corpo organizado. Assim como a Biologia que compreende o corpo humano e todas suas partes em pleno funcionamento.

O médico Joaquim Monte, em seu livro “Promoção da qualidade de vida” (1997) considera o corpo humano como sendo um organismo vivo concebido sob forma de uma estrutura que apresenta constituição e função (um conjunto organizado de elementos bióticos de anatomia e fisiologia). A estrutura do corpo humano representa a dimensão orgânica da pessoa: a carne da qual somos constituídos (matéria orgânica com suas características constitucionais e suas propriedades funcionais) e que tem a potencialidade de reproduzir, nascer, maturar, crescer, desenvolver, agir, adaptar, adoecer, sarar e morrer(p. 257).

É de maneira semelhante que Durkheim entende a sociedade: com suas partes em operação e cumprindo suas funções. E, caso a família, a igreja, o Estado, a escola, o trabalho, os partidos políticos, etc., que são elementos da sociedade com funções específicas, venham a falhar no cumprimento delas, surge no corpo da sociedade aquilo que Durkheim chamou de anomia, ou seja, uma patologia. Assim, como no corpo humano, se algo não funcionar bem, em “ordem”, significa que está doente.

Dê uma olhada nas manchetes abaixo e reflita: o que leva esse fato a ocorrer com muito mais frequência no Japão do que aqui no Brasil, ou em outro país?

Andar em ‘desconformidade’ com o que seria tido como ideal na sociedade pode ser fator altamente propício ao suicídio no Japão. Não ser aprovado no vestibular ou se endividar podem ser exemplos de ‘desconformidade’ nessa sociedade.

A propósito desse tema, Durkheim verificou que existem três categorias de suicídios. Analise-os:

Suicídio Altruísta: ocorre quando um indivíduo valoriza a sociedade mais do que a ele mesmo, ou seja, os laços que o unem à sociedade são muito fortes. Deixe-me lembrar você do ocorrido em 11 de Setembro de 2001. Homens, em atos aparentemente “loucos”, pilotavam aviões que se chocaram contra o World Trade Center em Nova York, lembra? Para Durkheim, os agentes dessa aparente “loucura” poderiam ser classificados como suicidas altruístas, pois se identificavam de tal forma como o grupo Al Qaeda, ao qual pertenciam, que se dispuseram a morrer por ele. Da mesma maneira aconteceu com os kamikazes japoneses durante a 2º Guerra Mundial (1939-1945) e que, de certa forma, continua acontecendo com os “homens-bomba” de hoje. Se você assistir ao filme “O Patriota”, com Mel Gibson, poderá ver um exemplo de alguém que se dispôs a morrer por uma causa que acreditava em relação ao seu país, no caso, a Inglaterra.

Suicídio Egoísta: se alguém se desvinculasse das instituições sociais (família, igreja, escola, partido político, etc.) por conta própria, para viver de maneira livre, sem regras, qual seria o limite para essa pessoa, uma vez que ninguém a controlaria? Pois é, segundo Durkheim, a falta de redes de convívio ou limites para a ação poderia levar a pessoa a desejar ilimitadas coisas. Mas caso tal pessoa não consiga realizar os seus desejos, a frustração poderia levá-la a um suicídio.

Suicídio Anômico: este tipo pode acontecer quando as partes do corpo social deixam de funcionar e as normas ou laços que poderiam “abraçar”(solidarizar) os indivíduos perdem sua eficácia, deixando-os viver de forma desregrada ou em crise. Um exemplo disso pode ser pensado quando, na nossa sociedade, uma família abandona o filho, ou o idoso, ou o doente.

Livro didático público. Disponível em SEED-PR
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