(Cmrj 2020) Texto I
Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa em um volume. Rio de
Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1983. p. 266.)
Texto III
Na juventude, conseguimos nos lembrar de toda a nossa curta vida. Mais tarde, a memória vira uma coisa feita de retalhos e remendos. É um pouco como a caixa-preta que os aviões carregam para registrar o que acontece num desastre. Se nada der errado, a fita se apaga sozinha. Então, se você se arrebenta, o motivo se torna óbvio; se você não se arrebenta, então o registro de sua viagem é muito menos claro.
Texto IV
Até onde remonto as minhas lembranças, encontro-me fascinado pela memória. Ela retém o cimento do espírito, o segredo da nossa identidade; a memória entrega-nos à vertigem do ser e do tempo. [...] a memória, a minha memória, não guarda mais do que um pálido reflexo do instante que vivi e que me esforço, neste instante, por fazer reviver. Em certa medida, só posso fazer reviver o instante que vivi sem tentar abafar o instante que vivo. [...]
Acreditei durante muito tempo que a memória servia para lembrar; sei agora que ela serve sobretudo para esquecer.
Lembrar ou esquecer: eis a
grande questão. Em que medida as vivências compõem a nossa história?
A partir da leitura dos
textos e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação,
redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade formal escrita da
língua portuguesa sobre o tema:
O valor da memória na construção de histórias individuais ou coletivas.
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