1. (Epcar (Cpcar) 2018) VIVEMOS O FIM DO MUNDO
Luis Antônio Giron
(...) Bauman é autor do conceito de “modernidade líquida”. 1Com
a ideia de “liquidez”, ele tenta explicar as mudanças profundas que a
civilização vem sofrendo com a globalização e o impacto da tecnologia da informação.
Nesta entrevista, ele fala sobre como a vida, a política e os padrões culturais
mudaram nos últimos 20 anos. As instituições políticas perderam representatividade
porque sofrem com um “déficit perpétuo de poder”. Na cultura, a elite abandonou
o projeto de incentivar e patrocinar a cultura e as artes. Segundo ele, hoje é
moda, entre os líderes e formadores de opinião, aceitar todas as manifestações,
mas não apoiar nenhuma.
(...)
ÉPOCA – As redes sociais
aumentaram sua força na internet como ferramentas eficazes de mobilização. Como
o senhor analisa o surgimento de uma sociedade em rede?
Bauman – Redes, você sabe, são
interligadas, mas também estão descosturadas e remendadas por meio de conexões
e desconexões... As redes sociais eram atividades de difícil implementação
entre as comunidades do passado. De algum modo, elas continuam assim dentro do
mundo off-line. No mundo interligado, porém, as interações sociais ganharam a aparência
de brinquedo de crianças rápidas. Não parece haver esforço na parcela on-line,
virtual, de nossa experiência de vida. Hoje, assistimos à tendência de adaptar
nossas interações na vida real (off-line), como se imitássemos o padrão de
conforto que experimentamos quando estamos no mundo on-line na internet.
ÉPOCA – Os jovens podem
mudar e salvar o mundo? Ou nem os jovens podem fazer algo para alterar a
história?
Bauman – Sou tudo, menos
desesperançoso. Confio que os jovens possam perseguir e consertar o estrago que
os mais velhos fizeram. Como e se forem capazes de pôr isso em prática,
dependerá da imaginação e da determinação deles. Para que se deem uma oportunidade,
2os jovens precisam resistir às pressões da fragmentação e recuperar
a consciência da responsabilidade compartilhada para o futuro do planeta e seus
habitantes. Os jovens precisam trocar o mundo virtual pelo real.
ÉPOCA – O senhor afirma que
as elites adotaram uma atitude de máximo de tolerância com o mínimo de
seletividade. Qual a razão dessa atitude?
Bauman – Em relação ao domínio das
escolhas culturais, a resposta é que 3não há mais autoconfiança quanto
ao valor intrínseco das ofertas culturais disponíveis. Ao mesmo tempo, as
elites renunciaram às ambições passadas, de empreender uma missão iluminadora
da cultura. A elite deixou de ser o mecenas da cultura. 4Hoje, as
elites medem sua superioridade cultural pela capacidade de devorar tudo.
(...)
ÉPOCA – Como diz o crítico
George Steiner, os produtos culturais hoje visam ao máximo impacto e à
obsolescência instantânea. Há uma saída para salvar a arte como uma experiência
humana importante?
Bauman – Bem, 5esses
produtos se comportam como o resto do mercado. Voltam-se para as vendas de produtos
na sociedade dos consumidores. Uma vez que a busca pelo lucro continua a ser o
motor mais importante da economia, há pouca oportunidade para que os objetos de
arte cessem de obedecer à sentença de Steiner...
(...)
Revista Época nº 819, 10 de fevereiro de
2014, p. 68-70.
Assinale a opção cuja
análise da pontuação NÃO está de acordo com a regra gramatical da Língua
Portuguesa.
a)
“Não parece
haver esforço na parcela on-line, virtual, de nossa experiência de vida.” – separar termos de função sintática
semelhante.
b)
“No mundo
interligado, porém, as interações sociais ganharam a aparência de brinquedo de
crianças rápidas.” – Indicar a omissão
de um termo.
c)
“Como e se
forem capazes de pôr isso em prática, dependerá da imaginação e da determinação
deles.” – Isolar orações adverbiais
deslocadas.
d)
“Hoje, as
elites medem sua superioridade cultural pela capacidade de devorar tudo”. – Isolar adjunto adverbial.
2. (Epcar (Afa) 2018) MAIS QUE ORWELL, HUXLEY PREVIU NOSSO TEMPO
Hélio Gurovitz
Publicado em 1948, o livro 1984, de George Orwell, saltou para o topo da
lista dos mais vendidos (...) 1A distopia de Orwel, mesmo situada no
futuro, tinha um endereço certo em seu tempo: o stalinismo. (...) 2O
mundo da “pós-verdade”, dos “fatos alternativos” e da anestesia intelectual nas
redes sociais mais parece outra distopia, publicada em 1932: Admirável mundo novo, de Aldous Huxley.
3Não
se trata de uma tese nova. Ela foi levantada pela primeira vez em 1985, num
livreto do teórico da comunicação americano Neil Postman: Amusing ourselves to death (4Nos divertindo até morrer),
relembrado por seu filho Andrew em artigo recente no The Guardian. “Na visão de
Huxley, não é necessário nenhum Grande Irmão para despojar a população de autonomia,
maturidade ou história”, escreveu Postman. “Ela acabaria amando sua opressão, adorando
as tecnologias que destroem sua capacidade de pensar. Orwell temia aqueles que
proibiriam os livros. Huxley temia que não haveria motivo para proibir um
livro, pois não haveria ninguém que quisesse lê-los. Orwell temia aqueles que
nos privariam de informação. Huxley, aqueles que nos dariam tanta que seríamos
reduzidos à passividade e ao egoísmo. 5Orwell temia que a verdade fosse
escondida de nós. Huxley, que fosse afogada num mar de irrelevância.”
6No
futuro pintado por Huxley, (...) não há mães, pais ou casamentos. O sexo é
livre. A diversão está disponível na forma de jogos esportivos, cinema multissensorial
e de uma droga que garante o bem-estar sem efeito colateral: o soma. Restaram
na Terra dez áreas civilizadas e uns poucos territórios selvagens, onde 7grupos
nativos ainda preservam costumes e tradições primitivos, como família ou
religião. “O mundo agora é estável”, diz um líder civilizado. “As pessoas são
felizes, têm o que desejam e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem,
estão em segurança; nunca adoecem; 8não têm medo da morte; vivem na ditosa
ignorância da paixão e da velhice; não se acham sobrecarregadas de pais e mães;
9não têm esposas, nem filhos, nem amantes por quem possam sofrer
emoções violentas; são condicionadas de tal modo que praticamente não podem
deixar de se portar como devem. E se, por acaso, alguma coisa andar mal, há o soma.”
10Para
chegar à estabilidade absoluta, foi necessário abrir mão da arte e da ciência.
“A felicidade universal mantém as engrenagens em funcionamento regular; a
verdade e a beleza são incapazes de fazê-lo”, diz o líder. “Cada vez que as
massas tomavam o poder público, era a felicidade, mais que a verdade e a
beleza, o que importava.” A verdade é considerada uma ameaça; a ciência e a
arte, perigos públicos. Mas não é necessário esforço totalitário para controlá-las.
Todos aceitam de bom grado, fazem “qualquer sacrifício em troca de uma vida
sossegada” e de sua dose diária de soma. “Não foi muito bom para a verdade, sem
dúvida. Mas foi excelente para a felicidade.”
No universo de Orwell, a população é controlada pela dor. No de Huxley,
pelo prazer. “Orwell temia que nossa ruína seria causada pelo que odiamos.
Huxley, pelo que amamos”, escreve Postman. Só precisa haver censura, diz ele,
se os tiranos acreditam que o público sabe a diferença entre discurso sério e
entretenimento. (...) O alvo de Postman, em seu tempo, era a televisão, que ele
julgava ter imposto uma cultura fragmentada e superficial, incapaz de manter
com a verdade a relação reflexiva e racional da palavra impressa. 11O
computador só engatinhava, e Postman mal poderia prever como celulares, tablets
e redes sociais se tornariam – bem mais que a TV – o soma contemporâneo. Mas
suas palavras foram prescientes: “O que afligia a população em Admirável mundo novo não é que
estivessem rindo em vez de pensar, mas que não sabiam do que estavam rindo, nem
tinham parado de pensar”.
Adaptado, Revista Época nº 973
– 13 de fevereiro de 2017, p. 67.
Distopia = Pensamento, filosofia ou processo discursivo caracterizado pelo
totalitarismo, autoritarismo e opressivo controle da sociedade, representando a
antítese de utopia. (BECHARA, E. Dicionário
da língua portuguesa. 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2011,
p. 533).
Assinale a alternativa em
que a análise dos termos presentes no excerto abaixo está de acordo com o que
prescreve a Gramática Normativa da Língua Portuguesa.
“A distopia de Orwell,
mesmo situada no futuro, tinha um endereço certo em seu tempo: o stalinismo.”
(ref. 1)
a)
O período é
composto por três orações, sendo duas subordinadas e uma coordenada.
b)
“... mesmo
situada no futuro...” é classificada como oração subordinada adverbial temporal
reduzida de particípio.
c)
“... o
stalinismo” é um aposto que se refere ao termo imediato que o antecede – “seu
tempo”.
d)
As vírgulas
servem para isolar a oração subordinada adverbial que está inserida em sua
oração principal.
3. (Espcex (Aman) 2018) Noruega como Modelo de Reabilitação de Criminosos
O
Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de reincidência criminal em
todo o mundo. No país, a taxa média de reincidência (amplamente admitida, mas
nunca comprovada empiricamente) é de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10
criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após saírem da cadeia.
Alguns
perguntariam "Por quê?". E eu pergunto: "Por que não?" O
que esperar de um sistema que propõe reabilitar e reinserir aqueles que
cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece, para que essa situação
realmente aconteça? Presídios em estado de depredação total, pouquíssimos
programas educacionais e laborais para os detentos, praticamente nenhum
incentivo cultural, e, ainda, uma sinistra cultura (mas que diverte muitas
pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança é uma festa, dizia
Nietzsche).
Situação
contrária é encontrada na Noruega. Considerada pela ONU, em 2012, o melhor país
para se viver (1º no ranking do IDH) e, de acordo com levantamento feito pelo
Instituto Avante Brasil, o 8º país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá
o sistema carcerário chega a reabilitar 80% dos criminosos, ou seja, apenas 2
em cada 10 presos voltam a cometer crimes; é uma das menores taxas de
reincidência do mundo. Em uma prisão em Bastoy, chamada de ilha paradisíaca,
essa reincidência é de cerca de 16% entre os homicidas, estupradores e
traficantes que por ali passaram. Os EUA chegam a registrar 60% de reincidência
e o Reino Unido, 50%. A média europeia é 50%.
A
Noruega associa as baixas taxas de reincidência ao fato de ter seu sistema
penal pautado na reabilitação e não na punição por vingança ou retaliação do
criminoso. A reabilitação, nesse caso, não é uma opção, ela é obrigatória.
Dessa forma, qualquer criminoso poderá ser condenado à pena máxima prevista
pela legislação do país (21 anos), e, se o indivíduo não comprovar estar
totalmente reabilitado para o convívio social, a pena será prorrogada, em mais
5 anos, até que sua reintegração seja comprovada.
O
presídio é um prédio, em meio a uma floresta, decorado com grafites e quadros
nos corredores, e no qual as celas não possuem grades, mas sim uma boa cama,
banheiro com vaso sanitário, chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de
tela plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar papéis e fotos, além de
geladeiras. Encontra-se lá uma ampla biblioteca, ginásio de esportes, campo de
futebol, chalés para os presos receberem os familiares, estúdio de gravação de
música e oficinas de trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de
formação profissional, cursos educacionais, e o trabalhador recebe uma pequena
remuneração. Para controlar o ócio, oferecer muitas atividades, de educação, de
trabalho e de lazer, é a estratégia.
A
prisão é construída em blocos de oito celas cada (alguns dos presos, como estupradores
e pedófilos, ficam em blocos separados). Cada bloco tem sua cozinha. A comida é
fornecida pela prisão, mas é preparada pelos próprios detentos, que podem
comprar alimentos no mercado interno para abastecer seus refrigeradores.
Todos
os responsáveis pelo cuidado dos detentos devem passar por no mínimo dois anos de
preparação para o cargo, em um curso superior, tendo como obrigação fundamental
mostrar respeito a todos que ali estão. Partem do pressuposto que, ao mostrarem
respeito, os outros também aprenderão a respeitar.
A
diferença do sistema de execução penal norueguês em relação ao sistema da
maioria dos países, como o brasileiro, americano, inglês, é que ele é
fundamentado na ideia de que a prisão é a privação da liberdade, e pautado na
reabilitação e não no tratamento cruel e na vingança.
O
detento, nesse modelo, é obrigado a mostrar progressos educacionais, laborais e
comportamentais, e, dessa forma, provar que pode ter o direito de exercer sua
liberdade novamente junto à sociedade.
A
diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte: enquanto lá os
presos saem e praticamente não cometem crimes, respeitando a população, aqui os
presos saem roubando e matando pessoas. Mas essas são consequências aparentemente
colaterais, porque a população manifesta muito mais prazer no massacre contra o
preso produzido dentro dos presídios (a vingança é uma festa, dizia Nietzsche).
LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista,
diretor-presidente do Instituto Avante Brasil e coeditor do Portal
atualidadesdodireito.com.br. Estou no blogdolfg.com.br.
** Colaborou Flávia Mestriner Botelho,
socióloga e pesquisadora do Instituto Avante Brasil.
FONTE: Adaptado
de
http://institutoavantebrasil.com.br/noruega-como-modelo-de-reabilitacao-de-criminosos/.
Acessado em 17
de março de 2017.
Assinale a alternativa em
que o emprego da vírgula é opcional.
a)
"Partem
do pressuposto que, ao mostrarem respeito, os outros também aprenderão a
respeitar."
b)
"O
detento é obrigado a mostrar progressos, para provar que pode ser reincluído na
sociedade."
c)
"Os EUA
chegam a registrar 60% de reincidência, o Reino Unido, 50%."
d)
"Para
controlar o ócio, oferecer muitas atividades de educação é a estratégia."
e)
"Cada
bloco contém uma cozinha, comida fornecida pela prisão e preparada pelos
presos."
4. (Ime 2018) A CONDIÇÃO HUMANA
A Vita Activa e a Condição
Humana
Com a expressão vita activa,
pretendo designar três atividades humanas fundamentais: 1labor,
trabalho e ação. Trata-se de atividades fundamentais porque a cada uma delas
corresponde uma das condições básicas mediante as quais a vida foi dada ao
homem na Terra.
O labor é a atividade que corresponde ao processo biológico do corpo
humano, 2cujos crescimento espontâneo, metabolismo e eventual
declínio têm a ver com as necessidades vitais produzidas e introduzidas pelo
labor no processo da vida. A condição humana do labor é a própria vida.
3O
trabalho é a atividade correspondente ao artificialismo da existência humana,
existência esta não necessariamente contida no eterno ciclo vital da espécie, e
cuja mortalidade não é compensada por este último. O trabalho produz um mundo
“artificial” de coisas, nitidamente diferente de qualquer ambiente natural.
Dentro de suas fronteiras habita cada vida individual, embora esse mundo se
destine a sobreviver e a transcender todas as vidas individuais. A condição
humana do trabalho é a mundanidade.
A ação, única atividade que se exerce diretamente entre os homens sem a
mediação das coisas ou da matéria, corresponde à condição humana da
pluralidade, ao fato de que homens, e não o Homem, vivem na Terra e habitam o
mundo. Todos os aspectos da condição humana têm alguma relação com a política;
mas esta pluralidade é especificamente a condição – não apenas a conditio sine qua non, mas a conditio per quam – de toda a vida
política. Assim, o idioma dos romanos – talvez o povo mais político que
conhecemos – empregava como sinônimas as expressões “viver” e “estar entre os
homens” (inter homines esse), ou
“morrer” e “deixar de estar entre os homens” (inter homines esse desinere). Mas, em sua forma mais elementar, a
condição humana da ação está implícita até mesmo em Gênesis (macho e fêmea Ele
os criou), se entendermos que esta versão da criação do homem diverge, em
princípio, da outra segundo a qual Deus originalmente criou o Homem (adam) – a
ele, e não a eles, de sorte que a pluralidade dos seres humanos vem a ser o
resultado da multiplicação4. A ação seria um luxo desnecessário, uma
caprichosa interferência com as leis gerais do comportamento, se os homens não
passassem de repetições interminavelmente reproduzíveis do mesmo modelo, todas
dotadas da mesma natureza e essência, tão previsíveis quanto a natureza e a
essência de qualquer outra coisa. A pluralidade é a condição da ação humana
pelo fato de sermos todos os mesmos, isto é, humanos, sem que ninguém seja
exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a
existir.
As três atividades e suas respectivas condições têm íntima relação com
as condições mais gerais da existência humana: o nascimento e a morte, a
natalidade e a mortalidade. O labor assegura não apenas a sobrevivência do
indivíduo, mas a vida da espécie. O trabalho e seu produto, o artefato humano,
emprestam certa permanência e durabilidade à futilidade da vida mortal e ao
caráter efêmero do corpo humano. A ação, na medida em que se empenha em fundar
e preservar corpos políticos, cria a condição para a lembrança, ou seja, para a
história. O labor e o trabalho, bem como a ação, têm também raízes na
natalidade, na medida em que sua tarefa é produzir e preservar o mundo para o
constante influxo de recém-chegados que vêm a este mundo na qualidade de
estranhos, além de prevê-los e levá-los em conta. Não obstante, das três atividades,
a ação é a mais intimamente relacionada com a condição humana da natalidade; o
novo começo inerente a cada nascimento pode fazer-se sentir no mundo somente
porque o recém-chegado possui a capacidade de iniciar algo novo, isto é, de
agir. Neste sentido de iniciativa, todas as atividades humanas possuem um
elemento de ação e, portanto, de natalidade. Além disto, como a ação é a
atividade política por excelência, a natalidade, e não a mortalidade, pode
constituir a categoria central do pensamento político, em contraposição ao
pensamento metafísico.
A condição humana compreende algo mais que as condições nas quais a vida
foi dada ao homem. Os homens são seres condicionados: tudo aquilo com o qual
eles entram em contato torna-se imediatamente uma condição de sua existência. O
mundo no qual transcorre a vita activa
consiste em coisas produzidas pelas atividades humanas; mas, constantemente, as
coisas que devem sua existência exclusivamente aos homens também condicionam os
seus autores humanos. Além das condições nas quais a vida é dada ao homem na
Terra e, até certo ponto, a partir delas, os homens constantemente criam as
suas próprias condições que, a despeito de sua variabilidade e sua origem
humana, possuem a mesma força condicionante das coisas naturais. O que quer que
toque a vida humana ou entre em duradoura relação com ela, assume imediatamente
o caráter de condição da existência humana. É por isso que os homens,
independentemente do que façam, são sempre seres condicionados. Tudo o que
espontaneamente adentra o mundo humano, ou para ele é trazido pelo esforço
humano, torna-se parte da condição humana. O impacto da realidade do mundo
sobre a existência humana é sentido e recebido como força condicionante. A
objetividade do mundo – o seu caráter de coisa ou objeto – e a condição humana
complementam-se uma à outra; por ser uma existência condicionada, a existência
humana seria impossível sem as coisas, e estas seriam um amontoado de artigos
incoerentes, um não mundo, se esses artigos não fossem condicionantes da
existência humana.
ARENDT, Hannah. A Condição Humana.
Tradução de Roberto Raposo: Editora da Universidade de São Paulo, 1981. pp.
15-17 (texto adaptado).
4Quando se analisa o
pensamento político pós-clássico, muito se pode aprender verificando-se qual
das duas versões bíblicas da criação é citada. Assim, é típico da diferença
entre os ensinamentos de Jesus de Nazareth e de Paulo o fato de que Jesus,
discutindo a relação entre marido e mulher, refere-se a Gênesis 1:27 “Não
tendes lido que quem criou o homem desde o princípio fê-los macho e
fêmea” (Mateus 19:4), enquanto Paulo, em ocasião semelhante, insiste em que a
mulher foi criada “do homem” e, portanto, “para o homem”, embora em seguida
atenue um pouco a dependência: “nem o varão é sem mulher, nem a mulher sem o
varão” (1 Cor.11:8-12). A diferença indica muito mais que uma atitude diferente
em relação ao papel da mulher. Para Jesus, a fé era intimamente relacionada com
a ação; para Paulo, a fé relacionava-se, antes de mais nada, com a salvação.
Especialmente interessante a este respeito é Agostinho (De civitate Dei xii.21),
que não só desconsidera inteiramente o que é dito em Gênesis 1:27, mas vê a
diferença entre o homem e o animal no fato de ter sido o homem criado unum
ac singulum, enquanto se ordenou aos animais que “passassem a existir
vários de uma só vez” (plura simul iussit existere). Para Agostinho, a
história da criação constitui boa oportunidade para salientar-se o caráter de
espécie da vida animal, em oposição à singularidade da existência humana.
Das vantagens de ser bobo
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e
tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas
horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou
fazendo. Estou pensando.".
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se
lembram de sair por meio da esperteza, e 1o bobo tem originalidade,
espontaneamente lhe vem a ideia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos
estão sempre tão atentos _____i_____ espertezas alheias que se descontraem
diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha
utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto,
muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
_____ii_____ desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na
palavra de um desconhecido para _____iii_____ compra de um ar refrigerado de
segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se
mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo
sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que
o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia
comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não
desconfiar, e portanto estar tranquilo, enquanto o esperto não dorme à noite
com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não
percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma
punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César
terminou dizendo a célebre frase: "2Até tu, Brutus?".
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se
Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por
bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é
que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros.
Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem
sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais _____iv_____ pessoas serem bobas (não
confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo,
facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
3Bobo
é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase
impossível evitar o excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz
de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
LISPECTOR, Clarice. Das vantagens
de ser bobo. Disponível em:
http://www.revistapazes.com/das-vantagens-de-ser-bobo/. Acesso em 10 de maio de
2017.
Marque a opção em que a
regra usada para a colocação das vírgulas é a mesma encontrada no trecho abaixo
destacado:
(…) cujos crescimento
espontâneo, metabolismo e eventual declínio têm a ver com as necessidades
vitais produzidas e introduzidas pelo labor no processo da vida (A condição humana, referência 2).
a)
(…) labor,
trabalho e ação (A condição humana,
referência 1).
b)
O trabalho é a
atividade correspondente ao artificialismo da existência humana, existência
esta não necessariamente contida no eterno ciclo vital da espécie (…) (A condição humana, referência 3).
c)
o bobo tem
originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia (Das vantagens de ser bobo, referência 1).
d)
Bobo é
Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas (Das vantagens de ser bobo, referência 3).
e)
"Até tu,
Brutus?" (Das vantagens de ser bobo,
referência 2).
5. (Unesp 2018) Leia o excerto do “Sermão
do bom ladrão”, de Antônio Vieira (1608-1697), para responder à questão a
seguir.
Navegava
Alexandre [Magno] em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a conquistar a Índia;
e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os
pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém ele,
que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: “Basta, Senhor, que eu, porque
roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois
imperador?”. Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o
roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas
Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e interpretar as significações,
a uns e outros, definiu com o mesmo nome: [...] Se o rei de Macedônia, ou
qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o pirata e o
rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.
Quando
li isto em Sêneca, não me admirei tanto de que um filósofo estoico se atrevesse
a escrever uma tal sentença em Roma, reinando nela Nero; o que mais me admirou,
e quase envergonhou, foi que os nossos oradores evangélicos em tempo de
príncipes católicos, ou para a emenda, ou para a cautela, não preguem a mesma
doutrina. Saibam estes eloquentes mudos que mais ofendem os reis com o que
calam que com o que disserem; porque a confiança com que isto se diz é sinal
que lhes não toca, e que se não podem ofender; e a cautela com que se cala é
argumento de que se ofenderão, porque lhes pode tocar. [...]
Suponho,
finalmente, que os ladrões de que falo não são aqueles miseráveis, a quem a
pobreza e vileza de sua fortuna condenou a este gênero de vida, porque a mesma
sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado [...]. O ladrão que furta para
comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de que eu
trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...]. Não são só
ladrões, diz o santo [São Basílio Magno], os que cortam bolsas, ou espreitam os
que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente
merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e
legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já
com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam
um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam debaixo do seu risco,
estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam
e enforcam.
(Essencial, 2011.)
Verifica-se o emprego de vírgula para indicar a elipse (supressão) do
verbo em:
a)
“Basta,
Senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em
uma armada, sois imperador?” (1º parágrafo)
b)
“O ladrão que
furta para comer não vai nem leva ao Inferno: os que não só vão, mas levam, de
que eu trato, são os ladrões de maior calibre e de mais alta esfera [...].” (3º
parágrafo)
c)
“O roubar
pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os
piratas, o roubar com muito, os Alexandres.” (1º parágrafo)
d)
“Se o rei de
Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata; o ladrão, o
pirata e o rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.” (1º parágrafo)
e)
“Os outros
ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos: os outros furtam
debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo: os outros, se furtam, são
enforcados: estes furtam e enforcam.” (3º parágrafo)
6. (IFPE 2018) O FIM DO LIVRO
DE PAPEL
Só 122 livros. Era o que a Universidade
de Cambridge tinha em 1427. Eram manuscritos lindos, que valiam cada um o preço
de uma casa. Isso foi 3 décadas antes de a Bíblia de Gutenberg chegar às ruas.
Depois dela, os livros deixaram de ser obras artesanais exclusivas de
milionários e viraram o que viraram. Graças a uma novidade: a prensa de tipos
móveis, que era capaz de fazer milhares de cópias no tempo que um monge levava
para terminar um manuscrito.
Foi uma revolução sem igual na história
e blá, blá, blá. Só que uma revolução que já acabou. Há 10 anos, pelo menos.
Quando a internet começou a crescer para valer, ficou claro que ela passaria
uma borracha na história do papel impresso e começaria outra.
Mas aconteceu justamente o que ninguém
esperava: nada. A internet nunca arranhou o prestígio nem as vendas dos livros.
Muito pelo contrário. O 2o negócio online que mais deu certo (depois do
Google) é uma livraria, a Amazon. Se um extraterrestre pousasse na Terra hoje,
acharia que nada disso faz sentido. Por que o livro não morreu? Como uma
plataforma que, se comparada à internet, é tão arcaica quanto folhas de
pergaminho ou tábuas de argila continua firme?
Você sabe por quê. Ler um livro inteiro
no computador é insuportável. A melhor tecnologia para uma leitura profunda e
demorada continua sendo tinta preta em papel branco. Tudo embalado num pacote
portátil e fácil de manusear. Igual à Bíblia de Gutenberg. Isso sem falar em
outro ingrediente: quem gosta de ler sente um afeto físico pelos livros. Curte
tocar neles, sentir o fluxo das páginas, exibir a estante cheia. Uma relação de
fetiche. Amor até.
Mas esse amor só dura porque ainda não
apareceu nada melhor que um livro para a atividade de ler um livro. Se
aparecer… Se aparecer, não: quando aparecer. Depois do CD, que já morreu, e do
DVD, que está respirando com a ajuda de aparelhos, o livro impresso é o próximo
da lista.
VERSIGNASSI, Alexandre. O fim do livro de papel.
Disponível em: <https://super.abril.com.br/tecnologia/o-fim-do-livro-de-papel/>.
Acesso em: 06 out. 2017.
A pontuação não
interfere apenas nos aspectos sintáticos do texto, mas também nos semânticos.
Sobre os efeitos de sentido decorrentes do uso da pontuação no texto, marque a
única afirmação CORRETA.
a)
Em
“Se aparecer… Se aparecer, não: quando aparecer” (5º parágrafo), a utilização
dos sinais de pontuação tem como efeito de sentido introduzir marcas de
oralidade na escrita.
b)
Em
“Só 122 livros. Era o que a Universidade de Cambridge tinha em 1427. Eram
manuscritos lindos, que valiam cada um o preço de uma casa.” (1º parágrafo), os
pontos finais foram utilizados para construir períodos curtos, criando um
efeito de morosidade na narrativa.
c)
Em “Por que o
livro não morreu? Como uma plataforma que, se comparada à internet, é tão
arcaica quanto folhas de pergaminho ou tábuas de argila continua firme?” (3º
parágrafo), as interrogações são responsáveis pelo estabelecimento de possíveis
certezas acerca de pensamentos metafóricos.
d)
Em
“Foi uma revolução sem igual na história e blá, blá, blá” (2º parágrafo), os
uso das vírgulas tem como efeito de sentido a criação de uma figura de
linguagem: a sinestesia.
e)
Em “Graças a
uma novidade: a prensa de tipos móveis” (1º parágrafo) os dois-pontos foram
utilizados para antecipar uma informação, provocando, como efeito, a ironia.
7. (IFPE 2018) Economia
comportamental leva o Nobel
Norte-americano
Richard H. Thaler diz que ‘para fazer uma boa análise em economia deve-se ter
em mente que as pessoas são humanas’
Richard H. Thaler recebeu o Prêmio
Nobel de Economia pelas suas contribuições no campo da economia comportamental.
O professor Thaler, nascido em 1945, em East Orange, New Jersey (EUA), trabalha
na Faculdade de Administração da Universidade Booth de Chicago. Segundo o
comitê do Nobel, ao anunciar o prêmio em Estocolmo, Thaler é pioneiro na
aplicação da psicologia ao comportamento em economia e em explicar como as pessoas
tomam decisões econômicas, às vezes, rejeitando a racionalidade.
Sua pesquisa, disse o comitê, levou o
campo comportamental em economia, de um papel secundário, para a corrente
principal da pesquisa acadêmica e mostrou que o fator tinha importantes
implicações para a política econômica.
Thaler disse, nesta segunda-feira, 9,
que a premissa básica de suas teorias é a seguinte: “Para fazer uma boa análise
em economia deve-se ter em mente que as pessoas são humanas”. Quando lhe
perguntaram como gastaria o dinheiro (cerca de US$ 1,1 milhão) do prêmio,
respondeu: “Esta é uma pergunta bem divertida”. E acrescentou: “Tentarei
gastá-lo da forma mais irracional possível”
O prêmio de Economia foi criado em 1968
em memória de Alfred Nobel e é concedido pela Academia Real de Ciências da
Suécia.
As linhas principais de estudos
econômicos em grande parte do século 20 basearam-se na hipótese simplificada de
que as pessoas se comportavam racionalmente. Os economistas entendiam que isso
não era literalmente real, mas argumentaram que estava bem próximo disso.
O professor Thaler desempenhou um papel
central ao se distanciar desse pressuposto. Ele não só defendeu que os seres
humanos são irracionais, o que é algo óbvio, mas também de pouca ajuda. Em vez
disso, ele mostrou que as pessoas saem da racionalidade de maneiras coerentes,
portanto seu comportamento ainda pode ser antecipado.
O comitê do Nobel descreveu como a
teoria de Thaler sobre “contabilidade mental” explica de que forma as pessoas
simplificam as decisões financeiras, concentrando-se no impacto limitado de
cada decisão e não no seu efeito mais geral. Ele também mostrou como a aversão
a uma perda pode explicar por que as pessoas valorizam muito mais o mesmo item
quando são proprietárias do que quando não o são, fenômeno chamado “efeito de
doação”.
As teorias de Thaler explicam, ainda,
porque as resoluções de ano-novo podem ser difíceis de se manter e analisam a
tensão entre o planejamento de longo prazo e a ação no curto prazo. Sucumbir à
tentação de curto prazo é uma razão importante pela qual muitas pessoas
fracassam em seus planos de poupar para quando forem idosas, ou fazer escolhas
de estilo de vida mais saudáveis, de acordo com a pesquisa de Thaler. Ele
também demonstrou o quanto mudanças aparentemente pequenas na forma como os
sistemas funcionam, ou como um “empurrãozinho” (“nudging”) – termo que ele
inventou – pode ajudar as pessoas a exercer melhor o autocontrole quando, por
exemplo, estão economizando para a aposentadoria.
O professor Thaler teve uma rápida
participação no filme A Grande Aposta, ao lado da atriz e cantora Selena Gomez,
no qual ele usou a economia comportamental para ajudar a explicar as causas da
crise financeira. Quando perguntaram a ele sobre sua “curta carreira em
Hollywood”, brincou se dizendo desapontado pelo fato de suas façanhas como ator
não terem sido mencionadas no resumo de suas realizações quando o prêmio foi
anunciado.
Por que o trabalho de Thaler foi
importante? Seu trabalho forçou os economistas a lidarem com as limitações da
análise tradicional com base no pressuposto de que as pessoas são atores
racionais. Ele também tem sido excepcionalmente bem-sucedido ao influenciar
diretamente políticas públicas. Uma das contribuições mais importantes é a sua
influência sobre a mudança dos planos de aposentadoria nos quais os
funcionários se inscrevem automaticamente e nas apólices que oferecem aos
funcionários a opção de aumentar as contribuições ao longo do tempo. Ambos
refletem a visão de Thaler de que a inércia pode ser usada para moldar
resultados benéficos sem impor limites à escolha humana.
APPELBAUM, Binyamin. Disponível em:
<http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,nobel-de-economia-2017-vai-para-um-dos-fundadores-da-economia-comportamental,7000203479>.
Acesso em: 11 out. 2017. Adaptado.
As aspas são
amplamente utilizadas no texto, mas não pelas mesmas razões. Analise o uso das
aspas nas passagens abaixo e assinale o caso em que tal uso indica ironia.
a)
Thaler
disse [...] que a premissa básica de suas teorias é a seguinte: “Para fazer uma
boa análise em economia deve-se ter em mente que as pessoas são humanas”.
(3º parágrafo).
b)
Quando
lhe perguntaram como gastaria o dinheiro (cerca de US$ 1,1 milhão) do prêmio,
respondeu: “Esta é uma pergunta bem divertida”. (3º parágrafo).
c)
Quando
perguntaram a ele sobre sua “curta carreira em Hollywood”, brincou se dizendo
desapontado pelo fato de suas façanhas como ator não terem sido mencionadas no
resumo de suas realizações quando o prêmio foi anunciado. (9º parágrafo).
d)
[...]
(“nudging”) – termo que ele inventou – pode ajudar as pessoas a exercer melhor
o autocontrole quando, por exemplo, estão economizando para a aposentadoria.
(8º parágrafo).
e)
O comitê do
Nobel descreveu como a teoria de Thaler sobre “contabilidade mental” explica de
que forma as pessoas simplificam as decisões financeiras, concentrando-se no
impacto limitado de cada decisão e não no seu efeito mais geral. (7º
parágrafo).
8. (IFAL 2018) Saudade de escrever
Apesar
da concorrência (internet, celular), a carta continua firme e forte. Basta uma
folha de papel, selo, caneta e envelope para que uma pessoa do Rio Grande do
Norte, por exemplo, fique por dentro das fofocas registradas por um amigo em
São Paulo, dois dias depois. “Adoro receber cartas, fico super ansiosa para
descobrir o que está escrito”, conta Lívia Maria, de 9 anos. Mas ela admite que
faz tempo que não escreve nenhuma cartinha. “As últimas foram para a Angélica e
para um dos programas do Gugu.”
Isabela,
de 9 anos, lembra que, quando morava em Curitiba, no Paraná, trocava
correspondência com sua amiga Raquel, que vive em Belo Horizonte, Minas Gerais.
“Eu ficava sabendo das novidades e não
gastava dinheiro com telefonemas.”
Já
Amanda, de 10 anos, também gosta de receber cartinhas, mas prefere enviar
e-mails. “Atualmente estou conversando com meu primo que está nos Estados Unidos
via computador, já que a mensagem chega mais rápido e não pago interurbano.”
TOURRUCCO,
Juliana. Saudade de escrever. O Estado de
São Paulo, p.5, 25 jul.1998. Suplemento infantil.
O adjunto adverbial vem, normalmente, no final da frase, mas ele pode
aparecer em outra posição, basta que se indique esse deslocamento com a
vírgula. A colocação inadequada do adjunto adverbial, porém, poderá prejudicar
a compreensão da frase. É o que acontece na fala da Amanda, no texto. Das cinco
reestruturações apresentadas nas alternativas a seguir, uma continua com
problema. Marque-a.
a)
Atualmente,
via computador, estou conversando com meu primo que está nos Estados Unidos.
b)
Atualmente
estou, via computador, conversando com meu primo que está nos Estados Unidos.
c)
Atualmente
estou conversando, via computador, com meu primo que está nos Estados Unidos.
d)
Atualmente
estou conversando com meu primo, via computador, que está nos Estados Unidos.
e)
Via
computador, atualmente estou conversando com meu primo que está nos Estados
Unidos.
9. (Ufsm 2015) Diante do aumento de
doenças relacionadas à alta ingestão de sódio, diversas entidades têm lançado
campanhas para redução do consumo de sal, veiculadas em diferentes mídias, como
exemplificam os textos a seguir.
TEXTO 1
TEXTO 2
Os produtores desses textos escolheram diferentes recursos linguísticos
para alertar os leitores sobre o consumo de sal. Considere as afirmativas
acerca desses recursos:
I. No texto 1, são usadas
duas frases nominais cuja disposição permite inferir que a melhora da saúde é
consequência da diminuição do consumo de sal.
II. No texto 2, as
reticências, depois de “Escolha”, servem para indicar uma interrupção da frase
e, antes de “a opção com menos sal”, sinalizam o complemento da frase
interrompida.
III. No texto 2, o uso dos
verbos “consumimos”, “está” e “compramos” no modo indicativo contribui para
compor uma informação que justifica o apelo à leitura do rótulo e à escolha de
produtos com menos sal.
Está(ão) correta(s)
a)
apenas I.
b)
apenas III.
c)
apenas I e II.
d)
apenas II e
III.
e)
I, II e III.
10. (Insper 2014)
Os
pais já perceberam e reclamam. Os especialistas em comportamento listam vários
motivos para o fenômeno – desde falta de autoestima até gosto por novidades.
Mas agora é a vez de os próprios jovens admitirem: "Somos consumistas
mesmo!".
Para
economizar sem abdicar das compras, a estudante carioca Camila Florez, 18,
chegou a trabalhar, por alguns meses, em uma loja de um shopping no Rio de
Janeiro, onde podia comprar modelos com desconto.
O
guarda-roupa cheio motivou Camila e a amiga Roberta Moulin, 18, a criarem o
blog "Reciclando Moda", onde vendem peças que compraram e nunca foram
usadas. "Já vendemos muita coisa", comemora Camila, que gasta parte
do dinheiro recebido em... roupas.
(Folha de S. Paulo, 27/07/2008)
Partindo do pressuposto de que a pontuação exerce importante papel na
construção de textos escritos, indique a alternativa que apresenta uma
explicação correta sobre o emprego dos sinais de pontuação do excerto acima.
a)
No primeiro
parágrafo, o travessão tem a finalidade de introduzir uma explicação e poderia
ser substituído, sem alteração de sentido, por ponto-e-vírgula.
b)
Ao longo do
texto, as aspas foram empregadas, em suas três ocorrências, com a finalidade de
demarcar a presença do discurso direto.
c)
Na passagem
“(...) sem abdicar das compras, (...)”, a vírgula foi empregada para
separar elementos enumerados que exercem a mesma função sintática.
d)
Em “(...),
por alguns meses, (...)”, no segundo parágrafo, as vírgulas são necessárias
para separar o aposto da expressão a que se refere: “chegou a trabalhar”.
e)
No último
período, as reticências foram utilizadas como um recurso retórico para obter
efeito de suspense.
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