1.
(Enem 2017) O
mundo revivido
Sobre esta casa e
as árvores que o tempo
esqueceu de levar.
Sobre o curral
de pedra e paz e
de outras vacas tristes
chorando a lua e a
noite sem bezerros.
Sobre a parede
larga deste açude
onde outras cobras
verdes se arrastavam,
e pondo o sol nos
seus olhos parados
iam colhendo sua
safra de sapos.
Sob as
constelações do sul que a noite
armava e
desarmava: as Três Marias,
o Cruzeiro
distante e o Sete-Estrelo.
Sobre este mundo
revivido em vão,
a lembrança de
primos, de cavalos,
de silêncio
perdido para sempre.
DOBAL, H. A província deserta. Rio de Janeiro: Artenova, 1974.
No processo de
reconstituição do tempo vivido, o eu lírico projeta um conjunto de imagens cujo
lirismo se funda menta no
a) inventário
das memórias evocadas afetivamente.
b) reflexo
da saudade no desejo de voltar à infância.
c) sentimento
de inadequação com o presente vivido.
d) ressentimento
com as perdas materiais e humanas.
e) lapso
no fluxo temporal dos eventos trazidos à cena.
TEXTO PARA AS
PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
Versos da canção Irônico,
da compositora e cantora Clarice Falcão.
Queria
te dizer que esse amor todo por você
Ele
é irônico, é só irônico
A
cada “eu te amo” que eu te mando, eu tô pensando:
Isso
é irônico, e é irônico.
Só
de pensar que cê pensou que era sério
Falando
sério, eu quero rir
Que
você acha que quando eu me descabelo
Ao
som de um cello, eu tô aí.
Eu
gosto de você como quem gosta
De
um vídeo do Youtube de alguém cantando mal
Eu
gosto de você como quem gosta
De
uma celebridade “B”.
(www.vagalume.com.br)
Poema de Manuel Bandeira
Pousa a mão na minha testa
Não
te doas do meu silêncio:
Estou
cansado de todas as palavras.
Não
sabes que te amo?
Pousa
a mão na minha testa:
Captarás
numa palpitação inefável
O
sentido da única palavra essencial− Amor.
(Lira dos cinquent'anos, 1940)
2. (Puccamp 2017) É correto considerar
a) que são marcas da linguagem
coloquial, na canção: o emprego alternado dos pronomes te e você,
com que o “eu” se refere ao mesmo destinatário da mensagem; e no poema: o emprego
do pronome te sem a correta concordância com a forma verbal Pousa.
b) o verso Isso é irônico,
e é irônico como exemplo de repetição positiva, por valorizar a composição
musical, mesmo considerando que não acrescenta traço algum de sentido à frase.
c) como manifestação de traços
irônicos de que trata a canção o que se lê na terceira estrofe, porque é
incomum, e até incoerente, expressar afeto por meio de referências a vídeo
do Youtube e celebridades de TV.
d) que em ambos os textos se
confessa a incapacidade de traduzir o sentido da palavra “amor”; a diferença de
atitude afetiva entre os que se expressam deve ser atribuída às determinações
do contexto de produção, um, do século XXI, o outro, do século XX.
e) que, na segunda estrofe da
canção, em que se entrevê o fingimento na arte, a autora amplia as
possibilidades de sentido explorando gírias e variações próprias do uso
informal da língua.
3. (Puccamp 2017) Sobre os textos afirma-se
com correção:
a) A canção constrói a
harmonia sonora por meio da sua substância, a linguagem musical, valendo-se da
linguagem verbal, própria do poema, para, como espécie de redundância enfática,
descrever a harmonia obtida.
b) Por explorar idênticos
recursos de métrica fixa e rimas regulares, meios sem os quais não se produz a
unidade rítmica e melódica necessária a uma boa estrutura, o modo de composição
dos versos da canção coincide com o do poema.
c) Ainda que se assemelhem aos
versos do poema, ao constituir estrofes e explorar recursos da linguagem verbal
para intensificar o poder expressivo, os versos da canção implicam a associação
da musicalidade das palavras com a dos sons dos instrumentos.
d) O fato de o meio de difusão
de uma composição musical como a canção ser totalmente diverso daquele que se
tem no caso de poemas comprova que não há familiaridade alguma entre esses dois
gêneros, ainda que possam coexistir.
e) A exploração de recursos
que a linguagem verbal oferece para uma eficaz expressão poética faz do autor,
seja poeta ou compositor, um artista, o que evidencia que não cabem distinções
de ordem alguma entre o fazer de um e do outro.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
I.
Quando um não quer, dois não brigam.
II.
Cada cabeça, uma sentença.
III.
Um dia da caça, o outro do caçador.
IV.
Em briga de marido e mulher, não se
mete a colher.
V.
Casa de ferreiro, espeto de pau.
4. (Puccamp 2017) Sobre provérbios é correto afirmar:
a) Constituem formas que
resumem convicções populares, às vezes a respeito de uma regra moral, como se
tem em II, norma que, independentemente da avaliação pessoal do indivíduo, deve
ser social mente cumprida por ele.
b) São estruturas fixas,
facilmente memorizadas, e por isso não sujeitas a variações; fazem uso de ritmo
e rima, esta nos segmentos finais de cada um dos membros da construção, como se
nota em V.
c) Atingem pela maneira como
são construídos sentido universalizante, como IV o comprova, motivo pelo qual
não admitem que algum contexto social específico relativize seu conteúdo.
d) Valem-se de distintos
recursos para realçar sua expressividade, como, por exemplo, o que se vê em
III: a ausência de verbo contribui para que seu conteúdo tenha traços de
atemporalidade, de valor permanente.
e) são enunciados de origem
popular, com imagens que tornam seu sentido mais facilmente compreendido e, ao
mesmo tempo, aplicável a distintas situações; essa ampla aplicabilidade é
decorrente de só terem sentido metafórico, e não valor denotativo, como se vê
em I.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Para responder à questão a seguir, leia o poema “Dissolução”, de Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987), que integra o livro Claro enigma, publicado originalmente
em 1951.
Escurece, e não me
seduz
tatear sequer uma
lâmpada.
Pois que 1aprouve ao
dia findar,
aceito a noite.
E com ela aceito
que brote
uma ordem outra de
seres
e coisas não
figuradas.
Braços cruzados.
Vazio de quanto
amávamos,
mais vasto é o céu.
Povoações
surgem do vácuo.
Habito alguma?
E nem destaco minha
pele
da confluente
escuridão.
Um fim unânime
concentra-se
e pousa no ar.
Hesitando.
E aquele agressivo
espírito
que o dia 2carreia consigo,
já não oprime.
Assim a paz,
destroçada.
Vai durar mil anos,
ou
extinguir-se na cor
do galo?
Esta rosa é
definitiva,
ainda que pobre.
Imaginação, falsa
demente,
já te desprezo. E
tu, palavra.
No mundo, perene
trânsito,
calamo-nos.
E sem alma, corpo,
és suave.
(Claro enigma, 2012.)
1 aprazer:
causar ou sentir prazer; contentar(-se).
2 carrear:
carregar.
5.
(Unifesp 2017) O
pronome “te”, empregado no segundo verso da última estrofe, refere-se a
a) “imaginação”.
b) “palavra”.
c) “rosa”.
d) “mundo”.
e) “corpo”.
TEXTO PARA AS
PRÓXIMAS 3 QUESTÕES:
À cidade da Bahia
Triste Bahia! Ó quão
dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo
estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi
empenhado,
Rica te vi eu já, tu a mi
abundante.
A ti trocou-te a máquina
mercante,
Que em tua larga barra tem
entrado,
A mim foi-me trocando e tem
trocado
Tanto negócio e tanto
negociante.
Deste em dar tanto açúcar excelente
Pelas drogas inúteis, que
abelhuda
Simples aceitas do sagaz
Brichote.
Oh quisera Deus que de
repente
Um dia amanheceras tão
sisuda
Que fora de algodão o teu
capote!
Matos, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Companhia das
Letras, 2010.
6. (Ufjf-pism 3 2017) Em relação ao estilo
barroco, qual figura de linguagem predomina no poema de Gregório de Matos:
a) personificação.
b) silepse.
c) eufemismo.
d) sinestesia.
e) barbarismo.
7. (Ufjf-pism 3 2017) O
poema de
Gregório de Matos é uma crítica ao:
a) renascimento cultural.
b) mercantilismo.
c) medievalismo.
d) preconceito racial.
e) aumento dos preços.
8. (Ufjf-pism 3 2017) Nos versos “Triste Bahia! Ó
quão dessemelhante/Estás e estou do nosso antigo estado”, o eu lírico manifesta
um descontentamento em relação:
a) à idade média.
b) ao estilo barroco.
c) ao sistema colonial.
d) ao rito jurídico.
e) ao humanismo renascentista.
TEXTO PARA A
PRÓXIMA QUESTÃO:
Pedro Américo, pintor brasileiro nascido na
Paraíba, foi um grande cultivador da arte acadêmica. Viveu sob a proteção de D.
Pedro II, que lhe financiou cursos na Europa. O Imperador Brasileiro foi um
verdadeiro Mecenas (indivíduo rico que protege artistas, homens de letras ou de
ciências, proporcionando-lhes recursos financeiros para que possam dedicar-se,
sem preocupações outras, às artes e às ciências). Foi por encomenda de D. Pedro
II que ele pintou, em 1888, o quadro que homenageia D. Pedro I, pelo ato de
proclamar a independência política do Brasil. A pintura recebeu o nome de Independência
ou Morte, sendo mais conhecida, no entanto, como O Grito do Ipiranga.
É um quadro que todo estudante brasileiro reconhece.
O GRITO
Um tranquilo riacho suburbano,
Uma choupana embaixo de um coqueiro,
Uma junta de bois e um carreteiro:
Eis o pano de fundo e, contra o pano,
Figurantes – cavalos e cavaleiros,
Ressaltando o motivo soberano,
A quem foi reservado o meio plano
Onde avulta solene e sobranceiro.
Complete-se a figura mentalmente
Com o grito famoso, postergando
Qualquer simbologia irreverente.
Nem se indague do artista, casto obreiro,
Fiel ao mecenato e ao seu comando,
Quem o povo, se os bois, se o carreteiro.
PAES, José Paulo. Poesia Completa. São Paulo: Companhia das Letras,
2008. P. 105.
9. (Uece 2017) Os poemas podem variar no
número de sílabas métricas. Os versos que têm de 1 a 12 sílabas recebem nomes
diferentes. A partir de 13 sílabas, deixam de receber nomes específicos. Em
relação ao poema O Grito é correto
afirmar que
a) foi feito com versos de 5
sílabas métricas chamados pentassílabos ou redondilhas menores.
b) apresenta versos de 7
sílabas métricas, a medida ou o metro das quadras e da poesia popular de
maneira geral como ocorre em cantigas de roda e desafios.
c) tem versos de 8 sílabas
métricas, denominados octossílabos, usados nas baladas (composições poéticas
populares antigas, acompanhadas ou não de música).
d) foi estruturado em versos
de 10 sílabas métricas, decassílabos, que são versos longos, de difícil
feitura, adequados aos poemas heroicos e épicos.
10. (Enem 2013)
O poema de Oswald
de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol.
Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos
constituem
a) direcionamentos
possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais.
b) forma
clássica da construção poética brasileira.
c) rejeição
à ideia do Brasil como o país do futebol.
d) intervenções
de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética.
e) lembretes
de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais.
Quais são as respostas?
ResponderExcluir2 a
Excluirresposta da 9 URGENTE
ResponderExcluirQUAL A RESPOSTA DA 6
ResponderExcluirResposta da 6
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