*Professora Clélia Precci
1.
Seja claro,
preciso, direto, objetivo e conciso. Use frases curtas e evite
intercalações excessivas ou ordens inversas desnecessárias. Não é justo
exigir que o leitor faça complicados exercícios mentais para compreender o
texto.
2.
Construa
períodos com no máximo duas ou três linhas. Os parágrafos, para facilitar a
leitura, deverão ter cinco linhas, em média, e no máximo oito.
3.
A simplicidade é
condição essencial de um texto. Lembre-se de que você escreve para todos
os tipos de leitor e todos, sem exceção, têm o direito de entender
qualquer texto, seja ele político, econômico, internacional, urbanístico ou,
até mesmo, sua redação do Enem.
4.
Adote como
norma a ordem direta, por ser aquela que conduz mais facilmente o leitor à
essência das informações. Dispense os detalhes irrelevantes e vá
diretamente ao que interessa, sem rodeios.
5.
A
simplicidade do texto não implica necessariamente repetição de formas e frases
desgastadas, uso exagerado de voz passiva (será iniciado, será realizado),
pobreza vocabular etc. Com palavras conhecidas de todos, é possível
escrever de maneira original e criativa e produzir frases elegantes, variadas,
fluentes e bem alinhavadas. Nunca é demais insistir: fuja, isto sim, dos
rebuscamentos, dos pedantismos vocabulares, dos termos técnicos evitáveis e da
erudição.
6.
Não comece
períodos ou parágrafos seguidos com a mesma palavra, nem use repetidamente a
mesma estrutura de frase.
7.
Evite tanto
a retórica e o hermetismo como a gíria, o jargão e o coloquialismo.
8.
Tenha sempre
presente: o espaço hoje é precioso; o tempo do leitor, também. Expresse seus
argumentos no menor número possível de palavras.
9.
Em qualquer ocasião, prefira a palavra mais
simples: votar é sempre melhor que sufragar; pretender é sempre
melhor que objetivar, intentar ou tencionar; voltar é sempre melhor que regressar ou retornar; tribunal é
sempre melhor que corte; passageiro é sempre melhor que usuário;
eleição é sempre melhor que pleito; entrar é sempre melhor
que ingressar.
10.
Procure
banir do texto os modismos e os lugares-comuns. Você sempre pode
encontrar uma forma elegante e criativa de dizer a mesma coisa sem
incorrer nas fórmulas desgastadas pelo uso excessivo. Veja algumas: a
nível de, deixar a desejar, chegar a um denominador comum, transparência,
instigante, pano de fundo, estourar como uma bomba, encerrar com chave de
ouro, segredo guardado a sete chaves, dar o último adeus. Acrescente as que
puder a esta lista.
11.
Proceda da
mesma forma com as palavras e formas empoladas ou rebuscadas, que tentam transmitir
ao leitor mera ideia de erudição. O texto dissertativo-argumentativo não tem
lugar para termos como tecnologizado, agudização, consubstanciação,
execucional, operacionalização, mentalização, transfusional, paragonado,
rentabilizar, paradigmático, programático, emblematizar, congressual, instrucional,
embasamento, ressociabilização, dialogal, transacionar, parabenizar e
outros do gênero.
12.
Não perca de
vista o universo vocabular do leitor. Adote esta regra prática: nunca escreva o
que você não diria. Assim, alguém rejeita (e não declina de) um
convite, protela ou adia (e não procrastina) uma decisão, aproveita (e
não usufrui) uma situação. Da mesma forma, prefira demora ou adiamento a delonga.
13.
Dificilmente
os textos justificam a inclusão de palavras ou expressões de valor
absoluto ou muito enfático, como certos adjetivos (magnífico,
maravilhoso, sensacional, espetacular, admirável, esplêndido, genial), os
superlativos (engraçadíssimo, deliciosíssimo, competentíssimo, celebérrimo) e
verbos fortes como infernizar, enfurecer, maravilhar, assombrar,
deslumbrar, dentre outros.
14.
Termos
coloquiais ou de gíria deverão ser usados com extrema parcimônia
e apenas em casos muito especiais, para não darem ao leitor a ideia de
vulgaridade e principalmente para que não se tornem novos lugares-comuns. Como,
por exemplo: a mil, barato, galera, detonar, deitar e rolar, flagrar, com
a corda (ou a bola) toda, legal, grana, bacana etc.
15.
Seja
rigoroso na escolha das palavras do texto. Desconfie dos sinônimos
perfeitos ou de termos que sirvam para todas as ocasiões. Em geral,
há uma palavra para definir uma situação.
16.
Você pode
ter familiaridade com determinados termos ou situações, mas o leitor, não. Por
isso, seja explícito nas informações e não deixe nada subentendido.
17.
Nas redações
dissertativo-argumentativas, o primeiro parágrafo deve fornecer resposta à
pergunta básica: sobre o que é? Essa resposta será a tese.
18.
Não inicie a
redação com declaração entre aspas e só o faça se esta tiver
importância muito grande (o que é a exceção e não a norma).
19.
Procure dispor
os argumentos em ordem decrescente de importância (princípio da
pirâmide invertida), para que, no caso de qualquer necessidade de corte no
texto, os últimos possam ser suprimidos, de preferência.
20.
Encadeie o
texto de maneira suave e harmoniosa, para que os parágrafos dialoguem entre si.
Nada pior do que um texto em que os parágrafos se sucedem uns aos outros como
compartimentos estanques, sem nenhuma fluência: ele não apenas se torna difícil
de acompanhar, como faz a atenção do leitor se dispersar no meio do texto. Isso
dá ao leitor a sensação de que o assunto agora é outro e não parte de um todo.
21.
Por
encadeamento de parágrafos não se entenda o cômodo uso de vícios
linguísticos, como por outro lado, enquanto isso, ao mesmo tempo, não
obstante e outros do gênero. Busque formas menos batidas ou simplesmente
as dispense: se a sequência do texto estiver correta, esses recursos se
tornarão absolutamente desnecessários.
22.
A falta de
tempo do leitor exige que os textos sejam cada vez mais curtos (20 ou
30 linhas). Quando houver tempo, reescreva o texto: é o mais recomendável.
Quando não, vá cortando as frases dispensáveis.
23.
Proceda como
se o seu texto fosse o definitivo. Assim, depois de pronto,
reveja e confira todo o texto, com cuidado. Afinal, é o seu texto e ele
será avaliado.
24.
O recurso
à primeira pessoa só se justifica, em geral, em textos narrativos e
relatos.
25.
Não use
argumentos não confirmados nem inclua neles informações sobre as quais você
tenha dúvidas. Você poderá estar criando uma armadilha para si mesmo. Exemplo:
“Os Estados Unidos começaram a criar centros para recolher as baterias de lítio
desutilizadas.”; “A briga pelo mercado petrolífero continua sendo o maior dos
problemas no continente Oriente Médio.”.
26.
Nas versões
conflitantes, divergentes ou não confirmadas, mencione quais as fontes
responsáveis pelas informações ou pelo menos os setores dos quais elas partem.
Toda cautela é pouca e o máximo cuidado nesse sentido evitará que o argumento
se torne uma mentira.
27.
Nunca deixe
de ler até o fim o rascunho que vá ser refeito, mesmo que você tenha
poucos minutos disponíveis. Ele poderá conter informações indispensáveis
no fim e você corre o risco cortá-las.
28.
Trate
de forma impessoal o personagem citado no texto, por mais popular que
ele seja: a apresentadora Xuxa ou Xuxa, apenas (e
nunca a Xuxa), Pelé (e não o Pelé), Piquet (e
não o Piquet) etc.
29.
Um texto não
deve admitir generalizações que possam atingir toda uma classe ou
categoria, raças, credos, profissões, instituições etc. Muita ATENÇÃO a
isso. Evite construções com: todos, nenhum, ninguém, jamais,
sempre etc.
30.
Em caso de
dúvida, não hesite em consultar dicionários, enciclopédias, almanaques e outros
livros de referência. Ou recorrer aos especialistas, aos colegas mais
experientes ou professores. Bem melhor perguntar antes de comprometer o
texto.
* Universidade Federal do Juiz de Fora - Cursinho Pré-universitário popular (CPU)
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