1. (Fgv 2017) Leia o excerto de uma peça teatral, de 1973.
Nassau
Como Governador-Geral do Pernambuco, a minha maior
preocupação é fazer felizes os seus moradores. Mesmo porque eles são mais da
metade da população do Brasil, e esta região, com a concentração dos seus quase
350 engenhos de açúcar, domina a produção mundial de açúcar. Além do mais,
nessa disputa entre a Holanda, Portugal e Espanha, quero provar que a
colonização holandesa é a mais benéfica. Minha intenção é fazê-los felizes…
sejam portugueses, holandeses ou os da terra, ricos ou pobres, protestantes ou
católicos romanos e até mesmo judeus.
Senhores, a Companhia das Índias Ocidentais, que
financiou a campanha das Américas, fecha agora o balanço dos últimos quinze
anos com um saldo devedor aos seus acionistas da ordem de dezoito milhões de
florins.
Moradores
Viva! Já ganhou! (...) Viva ele! Viva!
Chico Buarque de
Holanda e Ruy Guerra. Calabar: o elogio da traição, 1976. Adaptado.
Sobre o fato histórico ao qual a obra teatral faz
referência, é correto afirmar que
a) as bases religiosas da colonização
holandesa no nordeste brasileiro produziram uma organização administrativa que
privilegiava a elite luso-brasileira, ao oferecer financiamento com juros
subsidiados e parcelas importantes do poder político aos grandes proprietários
católicos.
b) a grande distância entre as
promessas de tolerância religiosa e a realidade presente no cotidiano dos
moradores da capitania de Pernambuco deu-se porque os dirigentes da companhia
holandesa impuseram o calvinismo como religião oficial e perseguiram as demais
religiões.
c) a presença da Companhia das Índias
Ocidentais no nordeste da América portuguesa trouxe benefícios aos
proprietários luso-brasileiros, como o financiamento da produção, mas
reproduziu a lógica do colonialismo, ao concentrar a riqueza no setor mercantil
e não no produtivo.
d) a felicidade prometida pelos
invasores holandeses não pôde ser efetivada em função da lógica diplomática
presente na relação entre Portugal e Holanda, pois se tratava de nações
inimigas desde o século XV, em virtude da disputa pelo comércio oriental.
e) as promessas dos invasores
holandeses se confirmaram, e a elite ligada à produção açucareira e ao comércio
colonial foi amplamente beneficiada, principalmente pelo livre comércio, o que
explica a resistência desses setores sociais ao interesse português em retomar
a região invadida pela Holanda.
2. (Fgv 2017) O que queremos destacar com isso é
que o tráfico atlântico tendia a reforçar a natureza mercantil da sociedade
colonial: apesar das intenções aristocráticas da nobreza da terra, as fortunas
senhoriais podiam ser feitas e desfeitas facilmente. Ao mesmo tempo, observa-se
a ascensão dos grandes negociantes coloniais, fornecedores de créditos e
escravos à agricultura de exportação e às demais atividades econômicas. Na
Bahia, desde o final do século XVII, e no Rio de Janeiro, desde pelo menos o início
do século XVIII, o tráfico atlântico de escravos passou a ser controlado pelas
comunidades mercantis locais (...).
João Fragoso et alii.
A economia colonial brasileira (séculos XVI-XIX), 1998.
O texto permite inferir que
a) o tráfico atlântico de escravos
prejudicou a economia colonial brasileira porque uma enorme quantidade de
capitais, oriunda da produção agroindustrial, era remetida para a África e para
Portugal.
b) as transações comercias envolvendo a
África e a América portuguesa deveriam, necessariamente, passar pelas
instâncias governamentais da Metrópole, condição típica do sistema
colonial.
c) a monopolização do tráfico negreiro
nas mãos de comerciantes encareceu essa mão de obra e atrasou o desenvolvimento
das atividades manufatureiras nas regiões mais ricas da América
portuguesa.
d) as rivalidades econômicas e
políticas entre fidalgos e burgueses, no espaço colonial, impediram o
crescimento mais acelerado da produção de outras mercadorias além do açúcar e
do tabaco.
e) nem todos os fluxos econômicos,
durante o processo de colonização portuguesa na América, eram controlados pela
Coroa portuguesa, revelando uma certa autonomia das elites coloniais em relação
à burguesia metropolitana.
3. (Puccamp 2017) Do Brasil descoberto esperavam os
portugueses a fortuna fácil de uma nova Índia. Mas o pau-brasil, única riqueza
brasileira de simples extração antes da “corrida do ouro” do início do século
XVIII, nunca se pôde comparar aos preciosos produtos do Oriente. (...) O Brasil
dos primeiros tempos foi o objeto dessa avidez colonial. A literatura que lhe
corresponde é, por isso, de natureza parcialmente superlativa. Seu protótipo é
a carta célebre de Pero Vaz de Caminha, o primeiro a enaltecer a maravilhosa
fertilidade do solo.
(MERQUIOR, José
Guilherme. De Anchieta a Euclides − Breve história da literatura brasileira. Rio
de Janeiro: José Olympio, 1977, p. 3-4)
A colonização portuguesa, no século XVI, se valeu
de algumas estratégias para usufruir dos produtos economicamente rentáveis no
território brasileiro, e de medidas para viabilizar a ocupação e administração
do mesmo. São exemplos dessas estratégias e dessas medidas,
respectivamente,
a) a prática do escambo com os
indígenas e a instituição de vice-reinos, comarcas, vilas e freguesias.
b) a implementação do sistema de
plantation no interior e a construção, por ordem da Coroa, de extensas
fortalezas e fortes.
c) a imposição de um vultoso pedágio
aos navios corsários de distintas procedências e a instalação de capitanias
hereditárias.
d) a introdução da cultura da
cana-de-açúcar com uso de trabalho compulsório e a instituição de um governo
geral.
e) o comércio da produção das missões
jesuíticas e a fundação da Companhia das Índias Ocidentais.
4. (Espm 2016) Quem vir na escuridade da noite aquelas
fornalhas tremendas perpetuamente ardentes, o ruído das rodas, das cadeias, da
gente toda da cor da mesma noite, trabalhando vivamente, e gemendo tudo ao mesmo
tempo sem momento de tréguas, nem de descanso; quem vir enfim toda a máquina e
aparato confuso e estrondoso daquela Babilônia, não poderá duvidar, ainda que
tenha visto Etnas e Vesúvios, que é uma semelhança de inferno.
(Padre Antonio
Vieira. Citado por Lilia Schwarcz e Heloisa Starling in Brasil uma
Biografia)
A leitura do trecho deve ser relacionada com:
a) o trabalho indígena na extração do
pau-brasil;
b) o trabalho indígena na lavoura da
cana-de-açúcar;
c) o trabalho de escravos negros
africanos no engenho de cana-de-açúcar;
d) o trabalho de escravos negros
africanos no garimpo, na mineração;
e) o trabalho de imigrantes italianos
na lavoura cafeeira.
5. (IFSC 2016) Os holandeses estão entre os
diversos povos que invadiram ou tentaram invadir o território que hoje
corresponde ao Brasil, durante o período colonial, no século XVII.
Sobre a presença holandesa no Brasil, assinale a
alternativa CORRETA.
a) Os holandeses estabeleceram suas
colônias no Sudeste brasileiro.
b) Os holandeses eram parceiros
comerciais dos portugueses na atividade açucareira.
c) O principal interesse dos holandeses
era a crescente economia cafeeira.
d) Os portugueses estabeleceram uma
política de cordialidade com os holandeses quando estes invadiram sua
colônia.
e) Os holandeses saíram do Brasil por
meio de um processo chamado “União Ibérica”.
6. (IFSUL) Na História do Brasil, a fase
açucareira, cronologicamente situada entre os séculos XVII e XVIII, corresponde
ao período em que a produção e exportação de açúcar foram as principais
atividades econômicas.
A produção era baseada no plantation, o qual
significa uma empresa
a) agrícola, latifundiária,
monocultora, escravocrata e exportadora.
b) agrícola, minifundiária,
policultora, escravista e voltada para o mercado interno.
c) agrícola, latifundiária,
autossuficiente, com trabalho servil indígena e voltada para o mercado
externo.
d) comercial, minifundiária,
monocultora, escravista e voltada para a exportação.
7. (Pucsp 2016) “Entre
todos os moradores e povoadores uns fazem engenhos de açúcar porque são
poderosos para isso, outros canaviais, outros algodoais, outros mantimentos,
que é a principal e mais necessária cousa para a terra, outros usam de pescar,
que também é muito necessário para a terra, outros usam de navios que andam
buscando mantimentos e tratando pela terra conforme ao regimento que tenho
posto, outros são mestres de engenhos, outros mestres de açúcares,
carpinteiros, ferreiros, oleiros e oficiais de fôrmas e sinos para os açúcares
e outros oficiais que ando trabalhando e gastando o meu por adquirir para a
terra, e os mando buscar em Portugal, na Galiza e nas Canárias às minhas
custas, além de alguns que os que vêm fazer os engenhos trazem, e aqui moram e
povoam, uns solteiros e outros casados, e outros que cada dia caso e trabalho
por casar na terra.”
Gonsalves de Mello e
Albuquerque. Cartas de Duarte Coelho a El Rei. Recife: Fundação Joaquim Nabuco,
1997, p. 114.
As observações do donatário de Pernambuco sobre
suas atividades à frente da Capitania expõem a
a) exclusividade da produção açucareira
e a inexistência de outras atividades produtivas no Brasil colonial.
b) destinação externa de toda a
produção agrícola da colônia e a necessidade de importação de alimentos para
abastecer a população que vivia na colônia.
c) centralidade da produção açucareira
e o esforço de obtenção de mão de obra qualificada e de articulação da empresa
agrícola com outros setores da economia.
d) carência de mercado interno para os
produtos agrícolas e a necessidade de rigoroso controle sobre os
escravos.
8. (Ufsm 2015) Comercializavam-se alimentos
produzidos na região e produtos importados [...]. Dentre os produtos produzidos
na colônia, destacavam-se a farinha de mandioca, de milho e de trigo, feijão,
açúcar, rapadura, aguardente, toucinho, charque e carne fresca [...] peixe seco
e fresco. Dentre os produtos importados, os de maior procura eram vinagre,
azeite, vinho, bacalhau, azeitonas, pimenta-do-reino, especiarias [...] e
sal.
Fonte: BRAICK e MOTA.
História: das cavernas ao Terceiro Milênio. Vol. 2. São Paulo: Moderna, 2010.
p. 84.
Assim, aponte a afirmativa correta, quanto à
situação brasileira no período colonial.
a) O domínio da grande propriedade
rural conviveu com a existência de produção agrícola em pequenos lotes de
terras.
b) A estrutura produtiva colonial era
exclusivamente voltada para atender a demanda europeia.
c) Devido ao caráter complementar da
economia colonial, era inexistente um mercado interno na colônia.
d) O sistema de monopólio reconfigurava
a dieta dos colonos, obrigando-os a abandonar os alimentos tradicionais de
Portugal.
e) Com a incorporação do Rio Grande do
Sul ao Império português, a dieta colonial incluiu maior quantidade de consumo
de carne bovina.
9. (Fatec 2015) De acordo com o historiador Stuart
B. Schwarcz, durante o período da colonização, havia um ditado popular que
dizia: “Sem açúcar, não há Brasil; sem a escravidão, não há açúcar; sem Angola,
não há escravos”.
(http://tinyurl.com/njyvll6
Acesso em: 30.06.2014.)
Esse ditado traz elementos que permitem concluir
que a organização colonial
a) dependia da produção de açúcar para
exportação, produzido com trabalho de escravos.
b) era baseada na policultura de
subsistência, para alimentar a grande população escrava.
c) utilizava-se do trabalho escravo,
para garantir a produção de gêneros industrializados.
d) desenvolvia a economia do Brasil e
de Angola, pois ambos dividiam os lucros do açúcar.
e) era baseada no trabalho assalariado,
porém utilizava escravos nas atividades domésticas.
10. (Fgv 2014) Dos engenhos, uns se chamam reais, outros inferiores, vulgarmente engenhocas. Os reais ganharam este apelido por terem todas as partes de que se compõem e todas as oficinas, perfeitas, cheias de grande número de escravos, com muitos canaviais próprios e outros obrigados à moenda; e principalmente por terem a realeza de moerem com água, à diferença de outros, que moem com cavalos e bois e são menos providos e aparelhados; ou, pelo menos, com menor perfeição e largueza, das oficinas necessárias e com pouco número de escravos, para fazerem, como dizem, o engenho moente e corrente.
ANTONIL, André João.
Cultura e opulência do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp.
1982, p. 69.
O texto oferece uma descrição dos engenhos no
Brasil no início do século XVIII. A esse respeito é correto afirmar:
a) O engenho de açúcar foi a principal
unidade econômica do sertão nordestino durante o período colonial, permitindo a
ocupação dos territórios situados entre o rio São Francisco e o rio
Parnaíba.
b) A produção de açúcar no nordeste
brasileiro colonial, em larga escala, foi possível graças à implantação do
sistema de fábrica e ao uso do vapor como força motriz nas moendas.
c) Os engenhos da Bahia utilizavam,
sobretudo, mão de obra escrava africana, enquanto que nos engenhos
pernambucanos predominava o trabalho indígena.
d) Os grandes engenhos desenvolviam
todas as etapas de produção do açúcar, do plantio, passando pela moagem, a
purga, a secagem e até a embalagem.
e) A produção de açúcar no sistema de
“plantation” ficou restrita aos domínios lusitanos das Américas, durante a
época colonial, o que garantiu bons lucros aos produtores locais e aos
comerciantes reinóis.
11. (Upe) Observe a imagem a seguir:
Ela ilustra um engenho de açúcar, típica unidade de
produção do nordeste colonial. Com base na imagem e na realidade histórica por
ela ilustrada, assinale a alternativa CORRETA.
a) Esse engenho movido por força
hidráulica é uma realidade do século XVIII, embora anteriormente fosse
utilizada a força humana ou a força animal para fazê-lo funcionar.
b) A presença exclusiva de mão de obra
escrava negra, na imagem, denota a exclusão dos indígenas como trabalhadores,
escravos ou livres, da indústria açucareira.
c) Engenhos de grande porte, como o da
ilustração, só foram introduzidos na América Portuguesa em meados do século
XVII, pelos holandeses que ocupavam a capitania de Pernambuco.
d) A mão de obra utilizada nos
engenhos, escrava ou livre, muitas vezes, era formada por trabalhadores
especializados.
e) A mão de obra indígena só foi utilizada,
no período colonial, em regiões como São Paulo e Rio de Janeiro, não se fazendo
presente nos engenhos do nordeste colonial.
12. (Upf) Durante o período colonial, o governo
português explorava violentamente os habitantes da colônia chamada Brasil.

A charge faz referência à chamada Derrama,
instituída pelo Marquês de Pombal em 1765. Podemos afirmar que a Derrama
era:
a) um recurso instituído para cobrar os
impostos atrasados. A região das minas deveria entregar a Portugal anualmente
100 arrobas (1500 kg) de ouro; caso essa quantia não fosse entregue, o valor
restante seria cobrado de toda a população, que teria que completar em dinheiro
o equivalente as 100 arrobas.
b) uma cobrança decorrente do fato que
os senhores de engenho estavam entregando o açúcar produzido aos holandeses,
assim, teriam que pagar a Portugal como imposto o equivalente ao quinto (20%)
de todo o valor comercializado com holandeses.
c) a incidência de uma taxa de 20%
sobre o valor de cada índio escravizado. Como os holandeses estavam dominando,
além do Nordeste brasileiro, as regiões da África que forneciam escravos, os
bandeirantes paulistas começaram a aprisionar indígenas para vender como
escravos aos produtores de açúcar.
d) um imposto de 20% sobre cada animal
vendido aos mineradores. Os tropeiros levavam o gado existente no território do
atual Rio Grande do Sul para vender nas regiões das minas.
e) uma penalização sobre os
mineradores, que, para não pagar impostos, contrabandeavam o ouro. O governo
português decreta que todo o ouro deveria ser entregue às Casas de Fundição e o
minerador que desobedecesse a essa ordem, além de perder todo o ouro que
tivesse extraído, seria preso.
Postar um comentário:
0 comentários: