1. (Uel) Leia o texto a
seguir.
Tudo isso ela [Diotima] me
ensinava, quando sobre as questões de amor [eros] discorria, e uma vez ela me
perguntou: – que pensas, ó Sócrates, ser o motivo desse amor e desse desejo? A
natureza mortal procura, na medida do possível, ser sempre e ficar imortal. E
ela só pode assim, através da geração, porque sempre deixa um outro ser novo em
lugar do velho; pois é nisso que se diz que cada espécie animal vive e é a
mesma. É em virtude da imortalidade que a todo ser esse zelo e esse amor
acompanham.
(Adaptado de:
PLATÃO. O Banquete. 4.ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p.38-39. Coleção Os
Pensadores.)
Com base no texto e nos
conhecimentos sobre o amor em Platão, assinale a alternativa correta.
a) A aspiração humana de
procriação, inspirada por Eros, restringe-se ao corpo e à busca da beleza
física.
b) O eros limita-se a
provocar os instintos irrefletidos e vulgares, uma vez que atende à mera
satisfação dos apetites sensuais.
c) O eros físico representa a
vontade de conservação da espécie, e o espiritual, a ânsia de eternização por
obras que perdurarão na memória.
d) O ser humano é idêntico e
constante nas diversas fases da vida, por isso sua identidade iguala-se à dos
deuses.
e) Os seres humanos, como
criação dos deuses, seguem a lei dos seres infinitos, o que lhes permite
eternidade.
2. (Uel) No livro Através do espelho e o que Alice encontrou por lá, a Rainha Vermelha diz uma frase enigmática: “Pois aqui, como vê, você tem de correr o mais que pode para continuar no mesmo lugar.”
(CARROL, L.
Através do espelho e o que Alice encontrou por lá. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
p.186.)
Já na Grécia antiga, Zenão de
Eleia enunciara uma tese também enigmática, segundo a qual o movimento é
ilusório, pois “numa corrida, o corredor mais rápido jamais consegue
ultrapassar o mais lento, visto o perseguidor ter de primeiro atingir o ponto
de onde partiu o perseguido, de tal forma que o mais lento deve manter sempre a
dianteira.”
(ARISTÓTELES.
Física. Z 9, 239 b 14. In: KIRK, G. S.; RAVEN, J. E.; SCHOFIELD, M. Os
Pré-socráticos. 4.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994, p.284.)
Com base no problema
filosófico da ilusão do movimento em Zenão de Eleia, é correto afirmar que seu
argumento
a) baseia-se na observação da
natureza e de suas transformações, resultando, por essa razão, numa explicação
naturalista pautada pelos sentidos.
b) confunde a ordem das
coisas materiais (sensível) e a ordem do ser (inteligível), pois avalia o
sensível por condições que lhe são estranhas.
c) ilustra a problematização
da crença numa verdadeira existência do mundo sensível, à qual se chegaria
pelos sentidos.
d) mostra que o corredor mais
rápido ultrapassará inevitavelmente o corredor mais lento, pois isso nos
apontam as evidências dos sentidos.
e) pressupõe a noção de
continuidade entre os instantes, contida no pressuposto da aceleração do
movimento entre os corredores.
3. (Ufsj) O Círculo de Viena
foi um importante marco para a filosofia e, exemplarmente, propôs que,
a) antes de ser classificado
de percepção extrema ou subjetividade, todo e qualquer dado deve ser
sistematicamente analisado.
b) em qualquer evento, existe
algo de subjetivo e isso é disfarçado pelas extraordinárias extensões no mundo
metafísico.
c) para ser aceita como
verdadeira, uma teoria científica deveria passar pelo crivo da verificação
empírica.
d) no limite do que o sujeito
pode perceber e do que é exatamente o objeto há um abismo de possibilidades e é
nisso que consiste a importância da metafísica.
4. (Upe) A filosofia, no que
tem de realidade, concentra-se na vida humana e deve ser referida sempre a esta
para ser plenamente compreendida, pois somente nela e em função dela adquire
seu ser efetivo.
VITA, Luís
Washington. Introdução à Filosofia, 1964, p. 20.
Sobre esse aspecto do
conhecimento filosófico, é CORRETO afirmar que
a) a consciência filosófica
impossibilita o distanciamento para avaliar os fundamentos dos atos humanos e
dos fins aos quais eles se destinam.
b) um dos pontos fundamentais
da filosofia é o desejo de conhecer as raízes da realidade, investigando-lhe o
sentido, o valor e a finalidade.
c) a filosofia é o estudo
parcial de tudo aquilo que é objeto do conhecimento particular.
d) o conhecimento filosófico
é trabalho intelectual, de caráter assistemático, pois se contenta com as
respostas para as questões colocadas.
e) a filosofia é a
consciência intuitiva sensível que busca a compreensão da realidade por meio de
certos princípios estabelecidos pela razão.
5. (Ueg) A expressão “Tudo o que é bom, belo e justo anda junto” foi escrita
por um dos grandes filósofos da humanidade. Ela resume muito de sua perspectiva
filosófica, sendo uma das bases da escola de pensamento conhecida como
a) cartesianismo, estabelecida
por Descartes, no qual se acredita que a essência precede a existência.
b) estoicismo, que tem no
imperador romano Marco Aurélio um de seus grandes nomes, que pregava a
serenidade diante das tragédias.
c) existencialismo, que tem
em Sartre um de seus grandes nomes, para o qual a existência precede a
essência.
d) platonismo, estabelecida
por Platão, no qual se entendia o mundo físico como uma imitação imperfeita do
mundo ideal.
6. (Upe) Sobre o conhecimento
filosófico, atente ao texto que se segue:
O conhecimento filosófico é,
diversamente do conhecimento científico, um conhecimento crítico, no sentido de
que põe sempre em problema o conhecimento obtido pelos processos da Ciência.
MARTINS, José
Salgado. Preparação à Filosofia, 1969, p. 9.
Tomando como base o
conhecimento filosófico, coloque V nas afirmativas verdadeiras e F nas
falsas.
( ) A filosofia é um tipo de saber, que não diz
tudo o que sabe e uma norma que não enuncia tudo aquilo que postula. O saber
filosófico, portanto, é profundo, mesmo quando parece mais claro e
transparente.
( ) A filosofia deve ser estudada e ensinada com
base nos problemas que suscita e não apenas em virtude das respostas que
proporciona a esses mesmos problemas.
( ) A filosofia se faz presente como reflexão
crítica a respeito dos fundamentos do conhecimento e da ação, por isso mesmo
distinta da ciência pelo modo de abordagem do seu objeto que, no caso desta, é
particular e, no caso da filosofia, é universal.
( ) O percurso da filosofia é caracterizado pela
exigência de clareza e de livre crítica.
( ) O conhecimento filosófico
apresenta-se como a ciência dos fundamentos. Sua dimensão de profundidade e
radicalidade o distingue do conhecimento científico.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA.
a) V, F, V, F, V
b) F, V, F, V, V
c) V, V, F, F, V
d) V, V, V, V, V
e) F, V, F, V, F
7. (Ufu) Em primeiro lugar, é
claro que, com a expressão “ser segundo a potência e o ato”, indicam-se dois
modos de ser muito diferentes e, em certo sentido, opostos. Aristóteles, de
fato, chama o ser da potência até mesmo de não-ser, no sentido de que, com
relação ao ser-em-ato, o ser-em-potência é não-ser-em-ato.
REALE,
Giovanni. História da Filosofia Antiga. Vol. II. Trad. de Henrique Cláudio de
Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 1994, p. 349.
A partir da leitura do trecho
acima e em conformidade com a Teoria do Ato e Potência de Aristóteles, assinale
a alternativa correta.
a) Para Aristóteles,
ser-em-ato é o ser em sua capacidade de se transformar em algo diferente dele
mesmo, como, por exemplo, o mármore (ser-em-ato) em relação à estátua
(ser-em-potência).
b) Segundo Aristóteles, a
teoria do ato e potência explica o movimento percebido no mundo sensível. Tudo
o que possui matéria possui potencialidade (capacidade de assumir ou receber
uma forma diferente de si), que tende a se atualizar (assumindo ou recebendo
aquela forma).
c) Para Aristóteles, a bem da
verdade, existe apenas o ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento verificado
no mundo material é apenas ilusório, e o que existe é sempre imutável e
imóvel.
d) Segundo Aristóteles, o ato
é próprio do mundo sensível (das coisas materiais) e a potência se encontra
tão-somente no mundo inteligível, apreendido apenas com o intelecto.
8. (Enem)
TEXTO I
Anaxímenes de Mileto disse
que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e
que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata,
transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens
formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas,
transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra,
e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.
BURNET, J. A
aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).
TEXTO II
Basílio Magno, filósofo
medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio
do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta
concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo
se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos
átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão de quererem ancorar o
mundo numa teia de aranha”.
GILSON, E.;
BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991
(adaptado).
Filósofos dos diversos tempos
históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de
uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de
Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que
a) eram baseadas nas ciências
da natureza.
b) refutavam as teorias de
filósofos da religião.
c) tinham origem nos mitos
das civilizações antigas.
d) postulavam um princípio
originário para o mundo.
e) defendiam que Deus é o
princípio de todas as coisas.
9. (Enem) Para Platão, o que
havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto
de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto
racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em
detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias
formava-se em sua mente.
ZINGANO, M.
Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012
(adaptado).
O texto faz referência à
relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de
Platão (427–346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa
relação?
a) Estabelecendo um abismo
intransponível entre as duas.
b) Privilegiando os sentidos
e subordinando o conhecimento a eles.
c) Atendo-se à posição de
Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.
d) Afirmando que a razão é
capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.
e) Rejeitando a posição de
Parmênides de que a sensação é superior à razão.
10. (Ufu) A teologia natural,
segundo Tomás de Aquino (1225-1274), é uma parte da filosofia, é a parte que
ele elaborou mais profundamente em sua obra e na qual ele se manifesta como um
gênio verdadeiramente original. Se se trata de física, de fisiologia ou dos
meteoros, Tomás é simplesmente aluno de Aristóteles, mas se se trata de Deus,
da origem das coisas e de seu retorno ao Criador, Tomás é ele mesmo. Ele sabe,
pela fé, para que limite se dirige, contudo, só progride graças aos recursos da
razão.
GILSON,
Etienne. A Filosofia na Idade Média, São Paulo: Martins Fontes, 1995, p.
657.
De acordo com o texto acima,
é correto afirmar que
a) a obra de Tomás de Aquino
é uma mera repetição da obra de Aristóteles.
b) Tomás parte da revelação
divina (Bíblia) para entender a natureza das coisas.
c) as verdades reveladas não
podem de forma alguma ser compreendidas pela razão humana.
d) é necessário procurar a
concordância entre razão e fé, apesar da distinção entre ambas.
11. (Unesp) “A inclinação
para o ocultismo é um sintoma da regressão da consciência. A tendência velada
da sociedade para o desastre faz de tolas suas vítimas com falsas revelações e
fenômenos alucinatórios. O ocultismo é a metafísica dos parvos. Procurando
no além o que perderam, as pessoas dão de encontro apenas com sua própria
nulidade”.
(Theodor
Adorno, filósofo alemão, 1947. Adaptado.)
“Ilumine seus caminhos e
encontre a paz espiritual com Dona Márcia, espírita conceituada com fortes
poderes. Corta mau-olhado, inveja, demandas, feitiçaria. Desfaz amarrações, faz
simpatia para o amor, saúde, negócios, empregos, impotência e filhos
problemáticos. Seja qual for o seu problema, em uma consulta, ela lhe dará
orientação espiritual para resolver o seu problema”.
(Panfleto
distribuído nas ruas do centro de uma cidade brasileira.)
Assinale a alternativa
correta.
a) Os dois textos evidenciam
que, em nossa sociedade, prevalece o apelo racional na resolução de problemas
pessoais.
b) O texto do filósofo Adorno
aborda o ocultismo sob uma perspectiva crítica.
c) De acordo com o filósofo
Adorno, a espiritualidade permite a elevação da consciência.
d) Nos dois textos predomina
a irracionalidade na abordagem da relação entre mundo material e mundo
espiritual.
e) Os dois textos enfatizam a
importância da espiritualidade na vida das pessoas.
12. (Unesp)
Texto 1
Porque morrer é uma ou outra
destas duas coisas: ou o morto não tem absolutamente nenhuma existência,
nenhuma consciência do que quer que seja, ou, como se diz, a morte é
precisamente uma mudança de existência e, para a alma, uma migração deste lugar
para um outro. Se, de fato, não há sensação alguma, mas é como um sono, a morte
seria um maravilhoso presente. […] Se, ao contrário, a morte é como uma
passagem deste para outro lugar, e, se é verdade o que se diz que lá se
encontram todos os mortos, qual o bem que poderia existir, ó juízes, maior do
que este? Porque, se chegarmos ao Hades, libertando-nos destes que se
vangloriam serem juízes, havemos de encontrar os verdadeiros juízes, os quais
nos diria que fazem justiça acolá: Monos e Radamante, Éaco e Triptolemo, e
tantos outros deuses e semideuses que foram justos na vida; seria então essa
viagem uma viagem de se fazer pouco caso? Que preço não seríeis capazes de
pagar, para conversar com Orfeu, Museu, Hesíodo e Homero?
(Platão.
Apologia de Sócrates, 2000.)
Texto 2
Ninguém sabe quando será seu
último passeio, mas agora é possível se despedir em grande estilo. Uma 300C
Touring, a versão perua do sedã de luxo da Chrysler, foi transformada no
primeiro carro funerário customizado da América Latina. A mudança levou sete
meses, custou R$ 160 mil e deixou o carro com oito metros de comprimento e 2
340 kg, três metros e 540 kg além da original.
O Funeral Car 300C tem luzes
piscantes na já imponente dianteira e enormes rodas, de aro 22, com direito a
pequenos caixões estilizados nos raios. Bandeiras nas pontas do capô, como nos
carros de diplomatas, dão um toque refinado. Com o chassi mais longo, o banco
traseiro foi mantido para familiares acompanharem o cortejo dentro do carro. No
encosto dos dianteiros, telas exibem mensagens de conforto. O carro faz parte
de um pacote de cerimonial fúnebre que inclui, além do cortejo no Funeral Car
300C, serviços como violinistas e revoada de pombas brancas no enterro.
(Funeral
tunado. Folha de S.Paulo, 28.02.2010.)
Confrontando o conteúdo dos
dois textos, pode-se afirmar que:
a) embora os dois textos
transmitam concepções divergentes acerca da morte, eles tratam de visões
concernentes à mesma época, a saber, a sociedade atual.
b) sob o ponto de vista
filosófico, não há diferenças qualitativas entre uma e outra concepção sobre a
morte.
c) os comentários do texto
grego sobre a morte são coerentes com uma filosofia de forte valorização do
corpo em detrimento da alma, e do mundo sensível sobre o mundo
inteligível.
d) o texto de Platão
evidencia uma cultura monoteísta, enquanto que o segundo é politeísta.
e) enquanto no primeiro texto
transparece a dignidade metafísica da morte, no segundo sugere-se a conversão
do funeral em espetáculo da sociedade de consumo.
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