Por Carlos Alberto de Paula, Marcelo Cabarrão Santos, Marcelo Galvan Leite, Maysa Nara Eisenbach, Viviane Paduim, Sonia Maria Furlan Sossai, Tania Regina Rossetto.
Devemos buscar sempre uma explicação, quando estamos em contato com uma obra de arte? A arte precisa de uma explicação? Afinal, quando você está diante de uma obra de arte, muitas vezes você não questiona: “O que é arte?” ou “O que não é arte?”
Muitas vezes ouvimos falar em vários termos como: Bienal, Barroco, Rococó, Art-nouveau... Você os conhece? O que eles representam para a arte?
Alguns desses termos aparecem na música Bienal, de autoria dos compositores e cantores Zeca Baleiro e Zé Ramalho.
Vamos ouvir a música, se possível, e analisar a letra.
Bienal (álbum: Vô Imbolá) – Zeca Baleiro e Zé Ramalho.
Desmaterializando a obra de arte no fim do milênioFaço um quadro com moléculas de hidrogênioFios de pentelho de um velho armênioCuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta
Meu conceito parece à primeira vistaUm barrococó figurativo neo-expressionistaCom pitadas de art-nouveau pós-surrealistaCalcado na revalorização da natureza morta
Minha mãe certa vez, disse-me um diaVendo minha obra exposta na galeriaMeu filho isso é mais estranho que o cu da jiaE muito mais feio que um hipopótamo insone
Pra entender um trabalho tão modernoÉ preciso ler o segundo cadernoCalcular o produto bruto internoMultiplicar pelo valor das contas de água luz e telefoneRodopiando na fúria do cicloneReinvento o céu e o inferno
Minha mãe não entendeu o subtextoDa arte desmaterializada no presente contextoReciclando o lixo lá do cestoChego a um resultado estético bacana
Com a graça de Deus e BasquiatNova Iorque me espere que eu vou jáPicharei com dendê de vatapáUma psicodélica baiana
Misturarei anáguas de viúvaCom tampinhas de Pepsi e Fanta UvaUm penico com água da última chuvaAmpolas de injeção de penicilina
Desmaterializando a matériaCom a arte pulsando na artériaBoto fogo no gelo da SibériaFaço até cair neve em TeresinaCom o clarão do raio da SilibrinaDesintegro o poder da bactériaCom o clarão do raio da SilibrinaDesintegro o poder da bactériaZeca Baleiro. Fonte:<http://cifraclub.terra.com.br/cifras/cifras.php?idcifra=6072>acesso em 30/10/2005
Você, algum dia já se sentiu como essa mãe que é citada na música? Já ouviu falar em barrococó, figurativo, neo-expressionista, rodopio, art-nouveau, subtexto, pós-surrealista, psicodélica, natureza morta, pulsação? Você sabe quem é Basquiat?
Por trás de cada um desses termos, vislumbramos uma série de conteúdos da Arte. Na sua opinião, o que é “um resultado estético bacana”? Justifique sua escolha.
Vamos tentar compreender um pouco disso começando por analisar o próprio título da música: Bienal. Mas, o que significa Bienal?
Bienal
“Exposição internacional de arte montada a cada dois anos e julgada por um comitê internacional. A primeira e mais famosa bienal foi a de Veneza, instituída em 1895 com o nome de “Exposição Internacional de Arte da Cidade de Veneza” e que pretendia representar “as mais notáveis atividades do espírito moderno, sem distinção de nacionalidade”. A esta Bienal acorreram artistas de 16 países, e o comitê incluiu individualidades tão célebres quanto BurneJones, Israëls, Libermann, Gustave Moreaux e Puvis de Chavannes. A exposição logo adquiriu prestígio mundial, e quando foi montada, após a Segunda Guerra Mundial, em 1948, tornou-se uma espécie de ponto de encontro da vanguarda internacional. Henri Moore, por exemplo, consolidou sua reputação quando recebeu em 1948 o prêmio Internacional de Escultura. Outras Bienais foram inauguradas segundo o modelo de Veneza; dessas, as mais prestigiosas são a de São Paulo, fundada em 1951, e a de Paris, fundada em 1959”. (CHILVERS, 1996, p.61)
Bienal é um evento – completo e complexo também – que pode envolver diversas modalidades artísticas, na qual podem ser expostas obras de Artes Visuais, Audiovisuais, Teatro e Dança (a Performanceé um exemplo). Assumindo formato próximo ao das bienais, há também as exposições em Salões de Arte. Por exemplo: o Salão de Arte Paranaense, que ocorre uma vez por ano, atualmente no Museu de Arte Contemporânea, em Curitiba.
Enquanto os Salões são momentos de apresentação da produção mais recente dos artistas, as bienais são eventos responsáveis por projetar obras inusitadas, pouco conhecidas e por refletir as tendências mais marcantes no cenário artístico global.
Por isso, quem imagina que nesses eventos encontrará apenas obras consideradas pelo senso comum como “bonitas”, e que podem ser colocadas nas paredes como simples objetos decorativos, está muito enganado. Leia o quadro a seguir e analise o que Cristina Costa escreveu sobre isto:
“Muitos falam em arte referindo-se às obras consagradas que estão em museus, às músicas eruditas apresentadas em grandes espetáculos ou ainda aos monumentos existentes no mundo. Alguns consideram arte apenas o que é feito por artistas consagrados, enquanto outros julgam ser arte também as manifestações de cultura popular, como os romances de cordel, tão comuns no Nordeste do Brasil. Para muitos, as manifestações de cultura de massa, como o cinema e a fotografia, não são arte, ao passo que outros já admitem o valor artístico dessas produções, ou pelo menos de parte delas. Não são poucos os que, mesmo diante das obras expostas em eventos artísticos famosos, sentem-se confusos a respeito do que vêem”. (COSTA, 1999, p. 07)
Então, após ter refletido sobre a citação acima, a qual conclusão você chegou? Uma obra de arte, para ter qualidade, tem que ser necessariamente bonita? Por quê?
Além do termo Bienal, e retomando outros da música de Zeca Baleiro, você sabia que “Barrococó” é nada mais, nada menos do que a junção do nome de dois movimentos e períodos da História da arte denominados: Barroco e Rococó?
Talvez você já tenha ouvido algo semelhante a isto: “A grade da janela de minha casa é cheia de rococós”. O que são estes “rococós”? De onde vêm estes termos?
Disponível em SEED-PR
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